São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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FHC exige fim das divergências na equipe

GILBERTO DIMENSTEIN; MÔNICA IZAGUIRRE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA</FD:TEXTO><UN>

O presidente Fernando Henrique Cardoso mandou dizer a sua equipe econômica que não vai mais tolerar que se tornem públicas as divergências internas sobre medidas ainda em elaboração.
Ou as equipes dos ministérios “se enquadram” nesta ordem ou haverá demissões a partir desta semana, ameaçou FHC. O recado foi transmitido por intermédio do ministro-chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, e foi dirigido principalmente aos ministérios da Fazenda e do Planejamento.
O motivo da irritação do presidente foi o vazamento e o debate, pelos jornais, da MP (medida provisória) que limitará as importações de automóveis.
O Palácio do Planalto acredita que o vazamento de informações para a imprensa está sendo usado como arma numa guerra entre os ministérios.
A preocupação do presidente chegou a tal ponto que o ministro Clóvis Carvalho deu ordens para que seja investigado de onde vazou a informação sobre a MP.
FHC acha que o momento é muito grave para que as divergências se tornem públicas. Na avaliação do presidente, isto fragiliza o governo, abrindo espaço para pressões e dificultando a aprovação de questões no Congresso.
O presidente está preocupado com o impacto das divergências na estabilidade da economia. Toda vez que há rumores sobre briga entre ministros, o mercado financeiro fica agitado e os especuladores se aproveitam.
A idéia de limitar as importações de automóveis nasceu no Ministério do Planejamento, comandado por José Serra. A Fazenda, comandada pelo ministro Pedro Malan, levantou problemas.
Os técnicos da Fazenda acham que a MP não pode ser baixada de forma apressada. Simplesmente estabelecer cotas de importação contraria a Organização Mundial do Comércio e deixaria o Brasil sujeito a sanções internacionais.
Quanto ao vazamento da MP, os dois ministérios se acusam mutuamente. Na Fazenda, fala-se que a MP foi vazada pelo Planejamento para torná-la irreversível.
No Planejamento, acusa-se a Fazenda de vazar a MP para impedir sua edição ou impor alterações.
As divergências levaram o presidente Fernando Henrique a adiar a decisão para esta semana. A reunião ocorrida na sexta-feira no Planalto não foi conclusiva.
O ministro do Planejamento nega publicamente que exista queda de braço entre ele o colega da Fazenda, Pedro Malan. Argumenta que a demora do governo em soltar a medida deve-se a dificuldades técnicas e não políticas.
“A questão envolve muita complexidade”, afirma Serra, lembrando que um dos aspectos é a legislação internacional. Sem atribuir culpa a ninguém especificamente, Serra diz que o vazamento da MP foi um ato “irresponsável”.

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