São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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Sindicato forte dribla desindexação

JOSÉ ROBERTO CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os sindicatos fortes não perdem nada e os fracos perdem muito com o fim do índice de correção oficial e automático dos salários. Mas ambos podem sair machucados se a economia desacelerar rapidamente.
A Folha entrevistou empresários e sindicalistas que, juntos, decidem o destino salarial de 2,2 milhões de trabalhadores. A maioria, concentrada nos setores modernos da economia, terá seus holerites preservados após o governo decretar o fim da indexação salarial.
Anos de inflação muito alta e dezenas de leis salariais foram suficientes para tecer uma rede de negociação própria.
Nesse cipoal as empresas moldaram índices de inflação e os sindicatos se livraram das regras do governo.
Metalúrgicos e bancários, categorias mais organizadas com dissídios no segundo semestre, já com as novas regras, dispensam, pela tradição, índices oficiais.
``Inflação não se discute, se repõe nos salários", diz Heguiberto Navarro, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, com base de 143 mil trabalhadores e filiado à CUT.
Não se trata de uma bravata, mas de um consenso. ``Vamos continuar dando a inflação que houver", afirma Sérgio Magalhães, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas, cujas empresas filiadas geram 230 mil empregos no país.
Medidas provisórias não serão capazes de romper a realidade de que uma inflação de 30% a 35% ao ano é muito alta para a imediata desindexação da economia.
``Podem fazer a legislação que quiserem, a inflação é o patamar das negociações", constata Alencar Rossi, que comanda pelo lado dos bancos a discussão de acordos com 640 mil bancários.
A desindexação expõe a fragilidade de sindicatos menos organizados. A reestruturação das empresas e a concorrência externa jogaram milhares de trabalhadores nas ruas.
``Como vamos negociar diretamente com as empresas, se há dez desempregados para cada vaga?", indaga José Gonzaga Queiroz, secretário do Sindicato dos Têxteis de São Paulo.

LEIA MAIS
sobre a desindexação nas págs. 6 e 7

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