São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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Poupança é a saída para aposentadoria de R$ 703 ;Opção dos fundos

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Poupança é a saída para aposentadoria de R$ 703
Valor pago pelo INSS mal cobre metade de despesas típicas de classe média
Se depender só da previdência pública para sobreviver na velhice, qualquer brasileiro de classe média verá seu padrão de vida despencar de uma hora para outra.
Este mês, o máximo que o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) passará a pagar a quem acabou de requerer a aposentadoria ficará em torno de R$ 703,00.
O salário na ativa pode ser de até R$ 5.000,00 por mês, mas a previdência pública funciona com um teto tanto para a contribuição quanto para as aposentadorias.
O teto atual é de R$ 832,66. As aposentadorias iniciadas este mês não chegam a tanto porque o teto acabou de ser corrigido pela inflação (IPC-r) mais o aumento de 10,27% do salário mínimo.
A aposentadoria é calculada pela média dos 36 últimos salários-de-contribuição corrigidos mês a mês pela inflação. E os salários, no período, tiveram altos e baixos. Agora, quando são atualizados para junho de 95, aparecem os efeitos do rebaixamento.
Os poucos que recebem 20 ou até 50 mínimos são casos excepcionais, de quem se beneficiou de legislação especial para perseguidos políticos e ex-combatentes.
Para evitar que o rendimento na velhice se limite à acanhada aposentadoria do INSS, a única saída é poupar ao longo da vida na ativa.
Opção dos fundos
Existem várias formas de poupança, que tanto pode ser pessoal quanto administrada por fundos de previdência fechados ou abertos, que conseguem rentabilidade mais alta para os recursos poupados.
Os fechados são restritos aos funcionários de uma empresa e distribuem todo o lucro. A vantagem é maior porque a empresa entra com no mínimo 30% das contribuições. Algumas pagam tudo.
Se o funcionário deixa a empresa pode resgatar pelo menos 50% do que pagou ou continuar contribuindo ``em dobro", como se diz.
Os fundos abertos atendem várias empresas ou uma única pessoa. Funcionam como os fechados, mas o lucro é dividido entre o administrador e o participante.
Nada impede que o assalariado forme sua poupança pessoal para o futuro, mas corre o risco de invalidez ou morte, alerta Nilton César Conde, sócio-diretor da Atual-Assessoria e Consultoria Atuarial.
Se morre antes da expectativa média, acumula menos poupança para a família. Se morre muito depois, a poupança pode acabar.
Nos fundos há um custo para a renda mensal vitalícia, mas o segurado tem a garantia de receber determinada renda até a morte, podendo ou não contratar pensão para dependentes. Se poupa sozinho, deve fazer um seguro de vida para garantir sua família.
No planejamento da aposentadoria, lembra Paulo Possas, da PJ Possas Gestão de Patrimônio, é fundamental a casa própria. Se precisar pagar aluguel, boa parte da renda será consumida aí.
A maior aposentadoria hoje no INSS, de R$ 703,00, mal dá para cobrir o aluguel de um apartamento de dois quartos, em São Paulo, em bairros de classe média como Tatuapé (zona leste), Butantã (oeste) ou Jabaquara (sul).

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