São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 1995
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Guaraná vira um negócio da China

JAIME SPITZCOVSKY; NELSON BLECHER
DE PEQUIM

NELSON BLECHER
O Guaraná embarca agora numa campanha publicitária para conquistar o mercado chinês. O refrigerante, enlatado na China desde setembro passado, abandona a fase experimental e começa uma ofensiva para fincar raízes na nova fronteira do capitalismo asiático. A meta é vender dois milhões de latas por mês no país.
``Vamos gastar 1 milhão de yuans (US$ 122 mil) aqui no mercado chinês com a campanha que começa este mês", calcula Liu Chien Kuo, um empresário brasileiro nascido na China e responsável pela vinda do Guaraná a prateleiras chinesas. Em julho de 94, ele criou em Pequim a companhia Dalu Biochin, representante exclusivo da Antarctica na China.
Com investimento de US$ 1 milhão, Liu Chien Kuo abriu o caminho para o guaraná. Além de organizar o escritório, ele contratou os serviços da Weijia, uma fábrica estatal no sul da China que recebe o concentrado do refrigerante e processa e enlata a bebida.
``Agora nosso objetivo é divulgar o produto e expandir as vendas", explica Liu, que chegou ao Brasil em 1956, com 13 anos de idade. Um comercial para TV criado pela W/Brasil lidera uma campanha publicitária que traz ainda mensagens em rádio e jornais.
A campanha de TV, prevista para durar um mês, vai trazer inserções no BTV1, o canal de Pequim, e na CCTVI, uma emissora nacional. Nessa última, um programa no horário nobre, por volta das 20h, pode alcançar 800 milhões de pessoas. A China, com 1,2 bilhão de habitantes, é o país mais populoso do mundo.
Kuo ainda negocia a veiculação de anúncios no horário nobre. ``Estou tentando baixar o preço, que é de 35 mil yuans (US$ 4,2 mil) para um comercial de 30 segundos."
O empresário não precisou recorrer a flexibilidade do capitalismo chinês na hora de assinar com o BTV1 e fechou por 16 mil yuans (US$ 2 mil) cada veiculação no horário nobre da emissora.
Com produção que teve custo estimado em US$ 150 mil, o comercial apela para a exuberância da flora e fauna da Amazônia. Além de ser um ícone internacional, é a floresta onde a Antarctica colhe sua matéria-prima.
15 países
A China é um dos 15 países hoje abastecidos com o Guaraná Antarctica. A bebida é vendida, por exemplo, na Suíça, Líbano e Alemanha.
As exportações de Guaraná e cervejas da Companhia Antarctica Paulista somaram US$ 15 milhões em 1994, valor 35% superior ao do ano anterior.
A exemplo da China, em três outros mercados -EUA, Japão e Portugal- a Antarctica exporta o concentrado. O envasamento e comercialização da bebida ficam a cargo de representantes locais.
O mercado italiano tem um significado simbólico para a Antarctica. Foi o primeiro país europeu a receber a bebida, em 1975.
Os consumidores colombianos já consomem guaraná procedente do Brasil com a marca Konga. A Colômbia representa a maior fatia de venda do xarope.

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