São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 1995
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Depois da greve, uma estranha febre

NANDO REIS; MARCELO FROMER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Depois da greve e da gripe, o país é, agora, assolado por uma estranha e perigosa febre: o zagallismo.
Cuidado, companheiros. Não é uma febre alta e, por isso mesmo, não assusta no começo.
Mas, com o passar dos dias, aqueles 37 e meio intermitentes vão levando o cidadão à loucura, a ponto de enxergar no lugar de uma formiga, um elefante.
Passado o excesso de bom humor, vamos ao jogo. É latente a melhora de nossa seleção em suas últimas apresentações.
Mérito do Velho Lobo? Sim, mas vamos devagar com a carne seca.
Primeiramente, vale ressaltar que o bom desempenho da seleção no Torneio da Inglaterra não é fruto de um trabalho meticuloso e apurado, mesmo porque nossa seleção não treina -apenas se reúne e joga- e mais: não estamos disputando Copa do Mundo nenhuma e, sim, amistosos com características intrinsecamente distintas daquelas de uma Copa.
Mas há um mérito claro no Velho Lobo. Nosso técnico, pelo menos, parece ter se apercebido do óbvio, o que é extremamente salutar para uma nação de técnicos e visionários, que há tempos clamavam pelo jogo, não o antijogo.
Mas, como é comum em toda separação, só depois de um tempo é que percebemos seu real efeito.
Era o Teimoso, então, que botava os grilhões no pés de nosso craques enquanto Zagallo nada podia fazer senão abaixar a cabeça e aceitar passivamente as determinações do sucessor de Milton Buzzeto?
Bem, mas toda relação esbarra na máxima do custo-benefício e, parece, estamos vivendo sob este segundo aspecto.
Ainda assim, jogando mais à vontade, mais à nossa maneira, podemos e devemos ir mais adiante.
Afinal, não se esqueçam, as seleções de futebol de Suécia, Japão e Inglaterra não são bichos de sete cabeças.
E só nós mesmos produzimos craques, assim como a Suíça chocolate e a Alemanha, salsichas.
Mas por que não Leonardo no lugar de Dunga ou Doriva, por exemplo?
Falta pouco, mas este pouco, sendo o nosso técnico um conservador renovado pelas circunstâncias, e não por convicção, podemos dar com os burros n'água.
Se isto tudo que está acontecendo for sinal de uma evolução sem rédeas, estamos a galope. Mas, se o charreteiro puxar o cabresto, a vaca vai para o brejo.
Termina hoje nossa campanha, assim como terminam nossas esperanças com a FPF, com seu fracassado e raquítico torneio. Todas as cartas enviadas serão, como havíamos combinado, levadas para a FPF para avaliação. Logo que tenhamos resposta, nos comunicamos. Obrigado.

A última sugestão é do Reginaldo Cardoso, de Vargem Grande do Sul.
``Já que estamos na era da informática, poderíamos substituir juízes e bandeirinhas por robôs. Assim, muitas mães seriam preservadas."

Nando Reis e Marcelo Fromer são músicos e integrantes da banda Titãs

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