São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995 |
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Abelha pode multiplicar lucro no campo
BRUNO BLECHER
Quando usadas como polinizadores, as abelhas geram ganhos de até 40% na produtividade dos laranjais, entre 50 e 70% no tomate, 15% e 30% na soja, 100% na maçã, segundo mostram pesquisas realizadas por duas universidades paulistas (USP e Unesp). A polinização consiste no transporte do grão de pólen (a célula sexual masculina) para o ovário da planta feminina. A fecundação dos óvulos resulta no aumento de sementes e frutas. ``Em algumas culturas, como o maracujá, o uso da polinização dirigida chega a aumentar a produtividade em sete vezes", diz o professor Ademilson Spencer Soares, do departamento de genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP). No maracujá, segundo Spencer, o polinizador mais indicado é a mamangava, abelha da família dos ``xilocopídeos", que costuma fazer seus ninhos em paus podres. O professor da USP cita experiência realizada na Cooperativa de Holambra, em São Paulo, onde foram introduzidos ninhos de mamangava (sete a oito por hectare) nos pomares de maracujá. ``A polinização saltou de 3,5% para 22%, com ganho de produtividade de 700%", diz Spencer. Os produtores de maracujá costumam contratar bóias-frias para fazer a polinização manual dos pomares. ``Mas a eficiência deste processo é de no máximo 20%", explica Spencer. A abelha africanizada, híbrido resultante do cruzamento de espécies africanas e européias, também obteve sucesso em estufas de pepino do tipo japonês. Spencer dá o exemplo de um agricultor que conseguiu aumentar a colheita de nove caixas de pepinos por dia para 23 caixas/dia, após introduzir, em sua estufa, uma colônia com cerca de 50 mil abelhas africanizada. Mais dóceis que as africanizadas, as abelhas indígenas (mandaçaia, uruçu e tiúba), que não têm ferrão, poderiam ser utilizadas para polinização em estufas hidropônicas (sistema de cultivo que substitui a terra pela água). ``As indígenas, ao contrário das africanizadas, se dão em ambientes úmidos como os das estufas de hidroponia", explica Spencer. Para a professora Regina Nogueira, da Faculdade de Ciências Agrárias da Unesp, em Jaboticabal (SP), o interesse dos agricultores brasileiros pela polinização dirigida está crescendo. ``Atingamente, quando não havia a monocultura e boa parte das plantações ainda estava próxima das matas, os insetos conseguiam dar conta da polinização. Com os desmatamentos e queimadas, os polinizadores nativos foram eliminados", diz ela. Para divulgar a polinização dirigida, a USP vai realizar, entre os dias 30 de junho e 2 de julho próximos, em Ribeirão Preto (319 km ao norte de São Paulo), curso sobre abelhas e suas aplicações no campo (veja agenda na pág. 6-2). ONDE SABER MAIS: Faculdade de Ciências Agrárias da Unesp de Jaboticabal, tel. (0163) 23-2500; Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), tel. (016) 633-3055. Próximo Texto: Mel é subproduto nos EUA Índice |
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