São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995
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Francês rege colméias no telhado da Ópera de Paris

As abelhas de Paucton produzem 80 quilos de mel

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

Jean Paucton cuida há dez anos do apiário mais bem localizado do planeta -o telhado da Ópera de Paris.
Paucton, 60, é funcionário da ópera. Ele decidiu criar abelhas no local de trabalho por falta de espaço em casa.
O apicultor garante que seus patrões nunca se queixaram.
``Pelo contrário, dá uma certa originalidade ao local", diz.
Paucton cuida de três colméias -duas na Ópera Garnier, a mais tradicional de Paris (data de 1875)- e uma na Ópera da Bastilha, inaugurada em 1989.
Os dois prédios formam a Ópera Nacional de Paris.
Ao todo são cerca de 80 mil abelhas, que produzem 150 quilos de mel por ano.
A produção é vendida em uma loja parisiense, em potes de 125 gramas, a cerca de US$ 3,70.
No rótulo, ao lado de um desenho representando a fachada da ópera Garnier, uma inscrição diz: ``Mel colhido no telhado da Ópera de Paris".
O apicultor afirma que as suas abelhas produzem três vezes mais que o normal da espécie.
Ele atribui a superprodução à variedade das flores encontradas em Paris (nelas, as abelhas obtêm o néctar necessário à produção do mel) e ao clima ameno da cidade.
Segundo Paucton, nunca uma de suas abelhas entrou na ópera durante um espetáculo.
O único risco é para os prédios vizinhos, durante a primavera, quando uma parte das abelhas costuma abandonar a colméia para formar uma nova colônia.
As abelhas figuram em pelo menos uma ópera famosa, `` Orfeu nos Infernos", do francês de origem alemã Jacques Offenbach (1819-1880).
``Nessa ópera, as deusas gregas fazem as abelhas renascer das entranhas de um touro morto", explica Paucton.
Há alguns anos, essa ópera foi encenada em Paris, mas as abelhas de Paucton não fizeram sua estréia em cena.
``Pediram-me apenas assistência técnica", conta.

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