São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 1995
Texto Anterior | Índice

Menem pede a Cavallo medidas emergenciais

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia, Domingo Cavallo, terá que adotar medidas emergenciais para reduzir o desemprego. A decisão é do presidente Carlos Menem, depois de cinco horas de reunião com Cavallo e a cúpula do Partido Justicialista, que sustenta o governo.
Cavallo foi obrigado por Menem a ceder para obter uma trégua com a cúpula do justicialismo. O presidente também determinou que ele se reúna quinzenalmente com as lideranças do partido para discutir as medidas.
Em troca, Cavallo obteve apenas o compromisso do Partido Justicialista de analisar, no próximo mês, projetos de seu interesse que seriam apreciados pelo Congresso -onde o governo tem maioria.
``Respaldamos toda a ação do Poder Executivo. Enquanto Cavallo tiver a confiança do presidente Menem, ele continuará ministro. Os seus acertos são maiores que os erros", disse o líder do Partido Justicialista na Câmara, deputado Jorge Matzkin.
Matzkin, porta-voz da reunião, observou que o próprio presidente avalia ser necessário buscar alternativas para reduzir o desemprego.
Não interessa a Menem que Cavallo deixe o governo, pois isso agravaria ainda mais a crise econômica e a falta de credibilidade no mercado externo. Cavallo também não quer sair porque quer se candidatar à Presidência em 1999.
O clima da reunião foi tenso. Os parlamentares questionaram os efeitos da política de Cavallo -aumento do desemprego e recessão.
Eles têm o apoio de Menem, que deseja marcar o seu segundo mandato pela redução drástica do índice atual de desemprego -14% em maio, de acordo com projeções do Ministério da Economia. São mais de 3 milhões de desempregados e subocupados.
Há quinze dias, Cavallo é bombardeado pelo presidente do Senado, Eduardo Menem -irmão do presidente-, pelo secretário-geral da Presidência, Eduardo Bauzá, colegas de ministério e principais lideranças menemistas. Todos querem reduzir o poder de Cavallo na reforma administrativa.
Atualmente, Cavallo coordena uma pasta que corresponderia, no Brasil, à fusão dos ministérios da Fazenda, Planejamento, Agricultura, Indústria e Comércio, Minas e Energia, Comunicações, Transportes e parte da Justiça.

Texto Anterior: Empresa lança xampu à base de tutano de boi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.