São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 1995
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Loyola critica projeto que fixa juro em 12%

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O novo presidente do BC (Banco Central), Gustavo Loyola, criticou ontem o projeto de lei que fixa um teto anual de 12% reais (acima da inflação) para os juros de empréstimos, que está tramitando no Congresso e regulamentará o limite previsto na Constituição.
``Há circunstâncias em que é necessário se ter juros acima do limite fixado constitucionalmente", disse Loyola, ao discursar ontem durante a cerimônia de sua posse na presidência do BC.
Ele disse estar preocupado com o projeto de lei,já foi aprovado no Senado e que depende agora apenas de votação na Câmara.
``Só existe um caminho seguro para se baixar os juros, que é através da estabilização definitiva da economia, com um regime fiscal equilibrado (quando as despesas são compatíveis com as receitas)."
Mesmo criticando a regulamentação das taxas de juros, Loyola disse que o governo deve continuar adotando medidas para afrouxar as atuais restrições ao crédito bancário, de forma ``cuidadosa".
Com isto, os juros dos crediários, cheque especial e empréstimos bancários poderão cair.
As restrições ao crédito bancário foram adotadas em função de um excessivo aquecimento da economia no início do ano, que era ameaçador ao Plano Real, disse o novo presidente do BC.
``Agora, quando começam a surgir sinais de redução deste ritmo, o BC pode rever as restrições então adotadas", completou.
Loyola disse ainda que a velocidade da redução do aperto ao crédito não será determinado pelas pressões políticas.
O governo já adotou duas medidas, nas últimas duas semanas, reduzindo as restrições ao crédito. Os recursos que os bancos são obrigados a depositar no BC quando fazem um empréstimo (os depósitos compulsórios) caíram de 15% do valor do financiamento para 12% e depois para 10%.
Além disto, acabou um teto fixado pelo governo para a quantidade de depósitos a prazo (depósitos remunerados por período determinado, como CDBs) que cada banco poderia captar. Os bancos que ultrapassassem o teto eram obrigados a recolher 90% do captado como compulsório.
Os compulsórios aumentam os juros bancários porque diminuem a quantidade de dinheiro que os bancos têm para emprestar. Com isso, as instituições emprestam apenas a quem paga juros altos.
Real
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, em discurso durante a posse de Loyola no BC, fez uma retrospectiva do Plano Real mostrando indicadores favoráveis ao plano.
``A inflação acumulada nos cinco primeiros meses do ano, pela média dos principais indicadores do mercado, foi de 8%, a menor para o período desde 1973", disse. Os indicadores citados por Malan foram o IPC-r, o IGP-M e o Fipe.
Malan negou que a economia estivesse em queda em 1995. ``O crescimento do PIB do primeiro trimestre do ano em relação ao primeiro trimestre de 1994 foi de 10,5% em termos reais", disse.
O ministro lamentou ainda a saída de Pérsio Arida do BC e elogiou sua atuação no banco. ``Ele foi o primeiro ou o segundo homem mais importante para a estabilização da economia", disse.

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sobre a posse na página 1-7

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