São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Província argentina paga salários com bônus

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

A crise financeira atingiu uma das mais ricas Províncias argentinas, Córdoba. Os salários de abril, maio e junho do funcionalismo público, pensões de aposentados e dívidas junto a fornecedores, num total de US$ 538 milhões, serão pagos através de bônus.
Isto significa uma queda real no valor dos salários e pensões. Funcionários e aposentados terão de ir ao mercado para vender o bônus, com descontos que podem chegar a 30%, para obter dinheiro vivo.
O governador da Província de Córdoba, Eduardo Angeloz, da UCR (União Cívica Radical), anunciou o pagamento em bônus após reunião no início da noite com o ministro da Economia, Domingo Cavallo.
Angeloz afirma que vai autorizar o pagamento de impostos em bônus, o que facilitaria a venda desses papéis no mercado.
Outras Províncias mais pobres e em situação de falência do caixa do Tesouro, como Jujuy, Salta, Rio Negro, Tucumán e Entre Rios, também poderão pagar os salários atrasados do funcionalismo e pensões dos aposentados com bônus.
A Secretaria de Inteligência da Presidência da República acompanha com atenção os movimentos sindicais nestas Províncias porque teme conflitos sociais.
A Pastoral Social da Igreja Católica afirmou ontem que teme ``convulsão social" por causa do desemprego.
O lançamento desse tipo de bônus é permitido pela legislação argentina. O próprio ministro Cavallo, ao lançar o plano de estabilização, em abril de 91, pagou dívidas e pensões de aposentados com os famosos Bocon (bônus de conversibilidade).
Cavallo está exigindo medidas duras das Províncias, como demissões no funcionalismo público e privatização de bancos e outras empresas estaduais.
Esses são os requisitos para que as Províncias tenham acesso a créditos do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, para estimular a privatização das empresas e dos bancos provinciais.
Cavallo se queixa de que recebe ``pressões" das Províncias para liberar antecipação de receita de impostos e empréstimos do governo federal. Até agora, ele tem resistido a isso, com o apoio do presidente Carlos Menem.

Texto Anterior: CEF lança poupança para compra de imóvel
Próximo Texto: Caem reservas venezuelanas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.