São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 1995
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Mulher chora com notícia

AMAURY RIBEIRO JR.
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NOVA LIMA

A assistente social Eliane Alves, 32, chorou ao ser informada, ontem às 18h pela Agência Folha, de que o nome de seu marido, o capitão Harley Alves, não estava incluído na lista dos reféns libertados na Bósnia.
``Foi muito azar. No meio de tanta gente solta, ele bem que poderia ter sido libertado também."
Eliane Alves passou o dia de ontem acreditando que seu marido seria libertado.
Ela afirmou fazer planos dos momentos que viverá com Harley depois que ele for libertado: ``As nossas filhas (Natascha, 7, e Amanda, 4) não irão à escola e iremos ao cinema como nos bons tempos de casal apaixonado".
A seguir os principais trechos de sua entrevista:

Agência Folha - A sra. parece bem mais tranquila do que nos outros dias.
Eliane Alves - Estou sim. Eu tenho certeza que no máximo até amanhã (hoje) ele será libertado.
Agência Folha - O que a sra. pretende falar para o capitão quando ele for solto?
Eliane - Eu quero ouvir um ``tudo bem" dele.
Agência Folha - O que a sra. planeja fazer depois que ele chegar a Belo Horizonte?
Eliane - Serão cinco dias de festa. As crianças não irão à escola, como aconteceu todas as vezes que ele veio para cá desde que foi para a Bósnia em setembro passado. Passearemos com elas no parque de diversões. E à noite iremos ao cinema, como nos bons tempos de casal apaixonado.
Agência Folha - Parece que há risco de ele ter que ficar mais tempo lá após ser solto, a exemplo do que aconteceu com o outro oficial brasileiro libertado.
Eliane - Isso eu quero conversar com jeitinho na hora em que ele me telefonar.
Agência Folha - A senhora vai deixá-lo participar de outra missão da ONU?
Eliane - Nunca mais. Não pensei que fosse tão perigoso assim. Sofri demais. Mas agora já é hora de curtir a libertação dele.
Agência Folha - Qual foi o momento mais difícil pelo qual a senhora passou?
Eliane - Foi quando noticiaram que ele tinha sido pego como escudo humano. Eu não conseguia nem comer direito. Passei o dia inteiro nervosa.
Agência Folha - Como a senhora soube que ele tinha sido feito refém?
Eliane - Eu tinha voltado de Belo Horizonte e estava na casa de minha mãe, em Nova Lima, jantando.
A televisão anunciou que tinha um refém preso, mas só soube que era o Harley depois que a imagem foi subindo até o rosto dele. Foi horrível.
Agência Folha - Vocês moravam em Manaus antes de Alves ir para a Bósnia. O que vão fazer quando ele voltar?
Eliane - Não temos lugar certo. O Exército irá decidir.

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