São Paulo, quarta-feira, 14 de junho de 1995
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Bósnia rouba cena de temas econômicos

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

A reunião anual do G-7, os sete países mais ricos do mundo, destina-se a discutir temas econômicos, mas, este ano, a crise da Bósnia tende a roubar a cena.
O presidente francês, Jacques Chirac, que faz sua estréia no seleto clube de mandatários, garante que vai defender um ultimato aos sérvios para que liberem, até o fim da semana, todos oficiais e soldados da ONU que ainda são reféns.
Boris Ieltsin, o presidente da Rússia, que não é membro do G-7, mas convidada especial (desde 1991, ainda com Mikhail Gorbatchov), vai propor que se suspenda o embargo internacional contra a Sérvia para forçá-la a negociar.
Os russos são considerados tradicionais aliados dos sérvios, o que muda muito a qualidade da presença de Ieltsin na cúpula, na comparação com cúpulas anteriores -quando a Rússia aparecia como pedinte de fundos para sua transição para o capitalismo.
Agora, diz o vice-premiê Anatoli Tchubais, o principal dos reformistas russos ainda no governo, "a Rússia fará propostas não apenas com dimensão russa, mas também em vários temas econômicos de significado global".
Pode até ser, mas o que importa mesmo para os demais mandatários é a dimensão político-militar ligada à Rússia.
Ao contrário de Ieltsin, que defende o fim do embargo, Chirac quer o apoio do presidente norte-americano, Bill Clinton, para a criação de uma força de reação rápida de 10 mil homens que França e Reino Unido já estão montando com outros países europeus.
Mas Ieltsin será cobrado igualmente pela crise na república separatista da Tchetchênia, em guerra há seis meses com a Rússia.
Ontem, tropas russas conquistaram duas bases de rebeldes tchetchenos, Chatói e Nojai-Iurt.
``Vou me assegurar de que muitos dos outros líderes também mostrarão preocupação (com a Tchetchênia)", avisa o anfitrião, o premiê canadense, Jean Chrétien.
Por tudo isso, já está se cunhando uma nova sigla para o G-7. É P-8. Traduzindo: o grupo continua sendo integrado por sete países, para discutir temas econômicos, mas para as questões políticas (daí o "p"), fica com oito, já que não se pode deixar de lado a Rússia.
Mas há outros temas políticos na agenda da cúpula. O Japão, por exemplo, gostaria de discutir medidas contra o terrorismo. É uma tarefa facilitada pela repercussão dos atentados em Oklahoma (EUA) e no metrô de Tóquio.
(CR)

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