São Paulo, sábado, 17 de junho de 1995 |
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São tantas emoções...
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE Na Roma antiga era muito mais fácil. Bastava distribuir armas e bigas e ver os sujeitos se matarem na corrida. A emoção do público estava garantida.Hoje em dia, ficou um pouco mais difícil, já que a vida humana ganhou um certo valor -mesmo que, em muitos casos, ainda seja ínfimo. No último fim-de-semana, a F-1 garantiu emoção ao público. E de uma forma como há muito não se via. Alesi encerrou uma saga duríssima em busca da vitória e Barrichello, em poucas palavras, ``lavou a égua". No caso do Brasil, ainda, a categoria passou a perna na disputa -fomentada exageradamente pela mídia- contra a Indy. Tudo isso é muito bonito. Mas e a próxima corrida? O acaso trabalhará de novo contra Schumacher? Vai saber. A F-1, como o futebol, é a tal caixinha de surpresas. Mas os especialistas em marketing e a mídia trabalham para que ela funcione sem parar. Esperar que ela se acione por vontade própria é perder dinheiro, pois esporte, hoje em dia, é um entretenimento que rende lucros, como outro qualquer. É significativo, por exemplo, os estúdios Disney estarem construindo um oval na Florida e já possuirem um time na NHL -o próximo passo do conglomerado é comprar uma franquia na NBA. É significativo, também, ver os pilotos alemães da F-1, Schumacher e Frentzen, ostentarem em seus carros o patrocínio da RTL -o canal de TV responsável pela transmissão das corridas na Alemanha. Schumacher é assumidamente um ``produto" da RTL. Assim como Michael Jordan é o da NBA -mesmo fora das finais, o jogador do Chicago era a figura mais constante nos intervalos comerciais que recheavam a decisão. Fazer com que o público não mude de canal é vital e faz com que os dirigentes de cada modalidade mexam nas regras conforme os índices de audiência. A eficiência dessas mudanças varia. No caso da NBA, dizem os especialistas, foi plena. No caso da F-1, discutível. Se tudo isso é bom ou ruim, tanto faz, pois não há outro jeito: esporte nenhum sobrevive sem a mídia e o marketing. O importante, porém, é assumir que grande parte desta emoção pré-fabricada pode descambar para o artificial. Resta ao fã/espectador, então, avaliar se isso o satisfaz. E utilizar o controle remoto, implacável. Texto Anterior: O futebol precisa do outro, da traição Próximo Texto: Notas Índice |
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