São Paulo, sábado, 17 de junho de 1995 |
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Marinha chilena impede prisão de Contreras
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS Fracassou ontem nova tentativa da polícia chilena de prender o general reformado Manuel Contreras. Ele está internado em um hospital da Marinha em Talcahuano (500 km ao sul de Santiago), e deve cumprir uma pena de sete anos de prisão.No final de maio, Contreras foi condenado pela Corte Suprema, sob a acusação de mandar matar o ex-chanceler Orlando Letelier, socialista, em 1976. O crime aconteceu em Washington quando Contreras era chefe da polícia política do regime militar liderado por Augusto Pinochet (1973-1990). Os diretores do hospital disseram que Contreras, internado há quatro dias, não tinha condições de saúde para receber a notificação judicial. Seus advogados dizem que ele sofre de pressão alta, problemas renais e excesso de açúcar no sangue (hiperglicemia). Contreras se recusa a cumprir a pena. Após sua condenação, ele se fechou em sua fazenda perto de Puerto Montt (sul) e disse que as Forças Armadas entrariam em ação para defendê-lo, se preciso. Há quatro dias, o Exército montou uma operação para levá-lo ao hospital naval, sem o conhecimento do governo. O brigadeiro Pedro Espinoza, condenado a seis anos de prisão pelo mesmo crime, também se recusa a ser preso. Ele está alojado no centro de telecomunicações do Exército em Santiago. Ontem, o chefe da polícia da capital foi ao local, mas foi proibido de entrar, sob a alegação de que o comandante da unidade não estava. De acordo com a lei chilena, a prisão de militares deve ser notificada ao comandante da unidade a que pertencem. As duas condenações causaram inquietação nas Forças Armadas. O próprio general Pinochet, atualmente chefe do Exército chileno, qualificou ontem de ``injusto" o processo contra os militares. ``Foi um processo semelhante ao de Nurembergue", disse Pinochet em referência ao julgamento sumário de oficiais nazistas, após a Segunda Guerra Mundial. A crise fez com que o presidente do país, Eduardo Frei, cancelasse visita que faria neste fim-de-semana a São Paulo, onde encontraria presidentes do Mercosul. O secretário de Governo, José Joaquín Brunner, prometeu que Contreras será preso. ``O país tem que continuar funcionando. A sentença tem um peso próprio, que se cumprirá a despeito das opiniões que hoje circulam", disse. Um tribunal de Santiago ordenou ontem a prisão e o processo de Francisco Cuadra, ex-secretário de Governo de Pinochet, um dos mais influentes ministros do regime militar. Ele é acusado de injúria pela Câmara e pelo Senado, por ter dito, sem provar, que alguns deputados consumiam drogas. LEIA MAIS Sobre o cancelamento da vinda ao Brasil do presidente do Chile na pág. 1-5 Texto Anterior: Japão obtém vitória sobre EUA Próximo Texto: Ato anti-racismo reúne 8.000 em Lisboa; negros agridem militares Índice |
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