São Paulo, sábado, 17 de junho de 1995
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O segurado 663681-0/43; Testes nucleares franceses; Merecemos mais!; Creches; Dinheiro alheio; Escola mais tarde; Reformas do Real; Conflitos que virão; O consumidor perde; Bem comparando

O segurado 663681-0/43
``Tomei conhecimento do artigo `O segurado 663681-0/43', de Clóvis Rossi, publicado na Folha de 11/6. O sr. Luis Carlos Galli aposentou-se em 1/1/70, aos 50 anos, como ferroviário e recebe o benefício mínimo como outros 11 milhões de aposentados e pensionistas do país. Em 82, como afirma, ingressou com ação na Justiça, pleiteando revisão de benefício e enquadramento como ex-combatente, com aposentadoria integral. A Justiça Federal da 6ª Vara deferiu seu pedido em março de 91. Para implantar a sentença, o INSS aguarda os dados, reiterados em 2/9/93, 27/1/94 e 28/3/95 ao Ministério dos Transportes. O INSS precisa da ficha cadastral do sr. Luis Galli, que só o órgão de origem dispõe para recalculo dos proventos iniciais e calcular as diferenças vincendas. A Previdência não está trapaceando, nem precisa. Lamentavelmente, o sr. Galli encaminhou à Folha apenas a sua versão dos fatos. Determinei à Procuradoria Estadual do INSS em São Paulo que avoque o processo concessório e verifique o que pode ser feito."
Reinhold Stephanes, ministro da Previdência e Assistência Social (Brasília, DF)

Testes nucleares franceses
``A retomada dos testes nucleares franceses no atol de Muroroa é um fato de alta gravidade. Recentemente, nos EUA, a vigência do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) foi estendida por tempo indeterminado. Essa disposição manifestada pelo governo da França, imediatamente após essa extensão, é uma clara demonstração de que o TNP não é um instrumento capaz de promover a redução dos arsenais nucleares dos países do Clube Atômico, exatamente os patrocinadores do referido tratado. No ano em que se comemora 50 anos de Hiroshima e Nagasaki, cabe ao Brasil repudiar veementemente a posição adotada pela França, pois o nosso país tem dado claras demonstrações de compromisso com o desarmamento nuclear e portanto está credenciado para adotar essa posição nos foros internacionais."
Everton Carvalho, coordenador de divulgação da Associação Brasileira de Energia Nuclear (Rio de Janeiro, RJ)

Merecemos mais!
``Sou funcionária do Metrô de São Paulo e não apoiei a última greve. Uma visão corporativa e rasteira não me agrada. Sou a favor de soluções negociadas, principalmente quando temos diretoria nova no Metrô, novo governador, novo presidente da República, novas esperanças. Devemos negociar soluções para os conflitos, e jamais parar por 8% de aumento salarial. Nós merecemos mais do que isso. E o sofrido povo de São Paulo também."
Regina Célia Santos (São Paulo, SP)

Creches
``Gostaria de acrescentar ao noticiário da Folha (14/6) sobre a posição da prefeitura quanto às novas regras para as creches conveniadas em São Paulo: 1º) atender as exigências do governo federal e do Plano Real, que desindexa todos os contratos e convênios feitos pelo poder público; 2º) obedecer a Constituição, que passa às Secretarias de Educação a responsabilidade pelo atendimento na pré-escola de crianças menores de até seis anos, hoje função da Secretaria da Família e do Bem-Estar Social; 3º) aperfeiçoar o controle de gastos das verbas recebidas pelas instituições conveniadas; 4º) ampliação do número de vagas na rede de creches do município. Fica clara, portanto, a inviabilidade das propostas da Associação dos Movimentos de Entidades Sociais Conveniadas (Amesc), que quer a indexação do pagamento `per capita' (por criança atendida) pelo índice da UFM (Unidade Fiscal do Município) e liberdade das entidades na aplicação das verbas recebidas, sem que estas sejam auditadas, como manda a lei."
Adail Vettorazzo, secretário da Família e Bem-Estar Social (São Paulo, SP)

Dinheiro alheio
``Luís Nassif, dia 14/6, diz: `Do início do Real até agora, a inflação acumulou 30%. Um investidor que aplicasse a 12% ao ano chegaria ao final do período 14% mais pobre'. E indaga: `Quem se arriscaria a aplicar dinheiro assim? Os parlamentares?' Respondo: os parlamentares, mas não com recursos próprios, e o governo, com o apoio dos parlamentares. Utilizam, é claro, recursos dos trabalhadores. Não é isso que pretendem com a anunciada remuneração a ser dada ao FGTS no momento da desindexação da economia?"
Ary Silvério (São Paulo, SP)

Escola mais tarde
``Com rara satisfação escuto dizer que o horário escolar pode influenciar no aprendizado do estudante. Lamento, no entanto, que a descoberta não tenha acontecido no Brasil, mas em Israel. Lá o Ministério da Educação mudou, ainda que parcialmente, o horário de entrada dos alunos de 7h30 para 8h, com base em pesquisa do Instituto de Tecnologia Technion, cujos pesquisadores observaram alunos de 13 países desenvolvidos, concluindo que os estudantes que entravam mais cedo na escola apresentavam problemas de concentração. No Brasil, o horário do estudante entrar ou sair é draconiano, perverso."
Gênio Eurípedes Assis, secretário municipal de Educação de Jataí (Jataí, GO)

Reformas do Real
``O governo FHC tem um desafio maior do que se proteger dos abalos sísmicos ocorridos no México e Argentina. O nosso país tem o maior nível de desigualdade social do planeta. O grau de deseducação da nossa mão-de-obra não nos permite uma maior inserção competitiva no mercado mundial. O beco só tem uma saída, que dói no bolso de quem vive no pico da pirâmide social: um aumento da carga tributária de 25% para 35% do PIB, durante uma década, vinculado à capacitação social da nossa gente. As reformas apresentadas como salvadoras do Plano Real soam como a profecia do príncipe de Lampeduza: `É preciso que tudo mude para que tudo continue como está'."
Alberto Amadei Neto (Fortaleza, CE)

Conflitos que virão
``Leio a manchete do primeiro caderno de 4/6: `CUT ameaça deflagrar greves após a derrota'. Vicentinho diz que `o governo deve se preparar para conflitos que virão'. Vou à entrevista do Vicentinho, na pág. 1-10, e vejo que a Folha fez o que um jornal não deve fazer: tirou uma frase de um contexto maior para dar-lhe um sentido falso. O que Vicentinho diz é que os conflitos surgem não por causa da CUT ou do PT, mas porque num regime de arrocho isso é inevitável."
Luiz Taddeo (São Paulo, SP)

O consumidor perde
``Agora a limitação de importação de veículos passa a ser problema concentrado entre Brasil e Argentina. Nota-se que as indústrias automobilísticas instaladas nos dois países, que na maioria são as mesmas, não tomam partido especificamente sobre essa discussão. Para elas continua sendo muito vantajosa a comercialização desses veículos. No entanto, quem continua perdendo são os consumidores tanto brasileiros como argentinos, que prefeririam ter acesso aos veículos fabricados no dito Primeiro Mundo por todas razões conhecidas, além de saber que essa preferência forçaria investimentos maiores dessas indústrias, para que na verdade seus veículos tornem-se competitivos."
Nilson Baracat (Fernandópolis, SP)

Bem comparando
``Indignação! Essa foi a minha sensação ao ler no Painel de 12/6, o qual relatava a insatisfação do senador Roberto Requião com relação ao seu `pequeno salário' de R$ 4.500 líquido. Gostaria que o senador tentasse sobreviver com o salário irrisório que ele deixou aos professores universitários ao sair do governo do Paraná."
Neide Arrias Bittencourt, seguem mais 12 assinaturas (Maringá, PR)

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