São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dólar mais baixo segura a inflação

FERNANDO CANZIAN; JOSÉ ROBERTO CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre o ideal de deixar importações e exportações livres e a realidade da manutenção de um dólar barato existe a distância de uma hiperinflação. ``O governo optou por sair da híper", diz Henrique de Campos Meirelles, presidente da Câmara Americana de Comércio e do Banco de Boston. ``Quis quebrar a indexação, que é seu efeito colateral. A situação é complicada".
Para Meirelles, inflação alta é a que o país vive agora, com taxas beirando os 30% anuais. O preço a ser pago para combater uma alta de preços destrutiva, como a que existia antes do Plano Real, é uma política que combina juros altos e um real valendo mais do que deveria valer.
``É evidente que a melhor medida para resolver o problema de ter importações maiores que as exportações seria um ajuste de mercado", avalia Meirelles. Ele exemplifica: depois de anos de déficit com o Japão, o dólar perdeu quase metade de seu valor em relação ao iene.
A opção de usar a taxa de câmbio e juros para montar um esquema que debele a inflação tem custos. ``Não há dúvida que se gera uma distorção", afirma. ``Mas não há dúvida que é hipocrisia defender que se deve manter o câmbio como está e a economia aberta".
As críticas mais comuns à política cambial são parciais, em sua opinião. A alternativa de tornar o real mais barato esbarra, segundo ele, no defeito de elevar a inflação e dar alento à correção de todos os contratos pela inflação passada -uma volta ao passado, e, talvez, à hiperinflação. (FCz e JRC)

Texto Anterior: Cotas para automóveis ameaçam Mercosul
Próximo Texto: Mulheres de Paglia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.