São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Colono mora em casebre de barro e madeira
PAULO MOTA
O comerciante Felício Puglia ocupou três lotes para erguer uma das maiores casas do projeto. Cercada por jardins, ela dispõe de minicampo de futebol e uma piscina em construção. A água da piscina vem do projeto de irrigação. Segundo o caseiro José Ribamar Caetano, Puglia mora em Fortaleza e costuma usar a casa nos finais de semana. Procurado em Fortaleza pela Agência Folha, ele não foi localizado. A segunda etapa do projeto, com lotes distribuídos a partir de 1991, é considerada uma espécie de favela. O colono José Edvaldo Leitão, 33, vive com a mulher e duas filhas em uma casa construída de barro e madeira. Na casa de Leitão, que ocupa área de 40 m2, não há TV nem geladeira. Dispõe de três cômodos, um dos quais é o dormitório da família. Sem renda O colono Francisco Alves da Silva, 67, pai de 11 filhos, diz que sua família sobrevive graças aos R$ 200 que ele e a mulher recebem mensalmente como aposentados rurais. ``Sou colono há 18 anos nesse projeto, e tudo o que ganhei com a agricultura foram esses calos que carrego nas minhas mãos", afirmou. Silva disse que sua ``desgraça" ocorreu após o Plano Cruzado, quando precisou vender tudo o que possuía para pagar uma dívida bancária que havia contraído para financiar a sua produção. Descrente da possibilidade de progredir, Silva só planta agora o necessário para a sua subsistência: ``Eu só não vou embora desse lugar porque não tenho ânimo para começar tudo de novo", diz. (PM) Texto Anterior: Casas de luxo ocupam lotes de sem-terra Próximo Texto: Órgão quer recadastrar Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |