São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995 |
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Mágico americano desmascara curandeiro
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
Ele afirma que ``é muito simples", por exemplo, colocar nariz adentro objetos pontiagudos de até 15 cm de comprimento. É com instrumentos dessas dimensões que trabalha João Teixeira de Faria, que ``opera" em Goiás. Randi falou à Folha, por telefone, de sua casa em Plantation (Flórida, sul dos EUA). James Randi diz ter estado no Brasil na década de 60, tentando visitar Zé Arigó, que operava em Congonhas do Campo (MG) e dizia incorporar o espírito do médico alemão Adolph Fritz. Segundo o mágico, Arigó não quis recebê-lo. Arigó morreu em janeiro de 1971, aos 49 anos, em um acidente de automóvel. Randi ganhou notoriedade no mundo científico em agosto de 1988, quando chefiou a equipe da conceituada revista britânica ``Nature" que investigou um laboratório francês de farmacologia. O chefe do laboratório, Jacques Benveniste, alegava ter feito um experimento que daria base científica para a homeopatia. A ``Nature" disse que publicaria o artigo se Benveniste fosse investigado. O francês disse sim e o time liderado por Randi acabou mostrando que a pesquisa não passava de fraude. Randi chegou a ser expulso das Filipinas, em 1982, quando tentava voltar ao país depois de desmascarar curandeiros locais. Segundo Randi, a principal diferença entre as ``operações" espirituais filipinas e brasileiras é que no país asiático as incisões são sempre fingidas, enquanto alguns ``operadores" daqui cortam mesmo (mas ``superficialmente", segundo Randi). Ele diz que nas Filipinas o truque é usar tripas de galinha como se fossem entranhas humanas. O mágico não se impressiona com o fato de muitas das ``operações" espíritas não infeccionarem. ``Em guerras, operações também são feitas sem condições mínimas e também não infeccionam." Randi diz ficar especialmente indignado quando se tenta associar um fenômeno ainda não explicado a causas espirituais. ``Eu não entendo como a TV funciona, nem por isso acho que ela é sobrenatural", compara o ilusionista. Todos os ``operadores" visitados pela Folha dizem não cobrar por suas ``cirurgias". Randi acha isso normal. ``Ser reverenciado pode ter mais importância do que ter um ganho financeiro." José Atílio Vanin, da Química da USP, conta que um dos mais impressionantes números de faquirismo -enfiar um prego entre o olho e o nariz- tem na verdade uma explicação anatômica. Faquires experientes sabem que essa é a região do seio lacrimal por onde o prego pode entrar sem causar maiores estragos. Nos EUA, um órgão nacional, o Conselho Contra a Fraude em Saúde, especializa-se em desmascarar ``operadores" espirituais." (APJ) Texto Anterior: Presidente proíbe uso do termo `lepra'; O NÚMERO; A FRASE; HC estuda remédio contra obsessões; EUA testam vacina contra alergia a gatos; Exame obstétrico clássico é necessário; Próximo Texto: `É melhor com a luz acessa' Índice |
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