São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995
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Contra o clima de 'guerra' na final da Copa do Brasil

TELÊ SANTANA

A final da Copa do Brasil reveste-se de importância porque vale uma vaga para a Taça Libertadores, que nós, no São Paulo, já vencemos duas vezes.
É a porta de abertura para um eventual título mundial.
A decisão entre Corinthians e Grêmio, que tem gerado muitas discussões entre os aficionados pelo futebol, está virando uma `guerra'.
Como eu defendo o futebol limpo, bem jogado, não posso concordar com um clima assim.
Acho que o Grêmio é favorito para conquistar o título. Mas imagino que não será um jogo fácil. O Corinthians é um bom time, bem dirigido, mas jogar em Porto Alegre nunca é fácil.
A torcida empurra a equipe, os dirigentes pressionam. Há, muitas vezes, seguranças no campo. Eles mais intimidam do que protegem os times visitantes.
É importante que o árbitro da final da Copa do Brasil esteja à altura da decisão. Ele deve ser firme, não pode se intimidar.
O Grêmio é um bom time, mas, em diversas ocasiões, torna-se violento.
Tanto é verdade que, em quase toda a partida, algum jogador gremista é expulso.
O time gaúcho é um reflexo do Luiz Felipe, seu treinador. Na época em que ele era jogador, sempre foi considerado um atleta violento.
Tinha pouca técnica e fazia muitas jogadas agressivas.
O Grêmio, em certas ocasiões, mostra-se uma equipe desleal.
E jogadas desleais devem ser punidas. Sempre converso com meus jogadores e peço para que eles evitem as faltas.
Futebol não é violência. Futebol é espetáculo.
Foi o que faltou no Campeonato Paulista. Uma das razões foi a tão comentada primeira fase, que teve 240 jogos que praticamente nada valeram.
O torcedor não pode ser tratado como idiota. Para que ir ao estádio, gastar dinheiro, se o jogo não vale nada?
Acho que um dos fatores de sucesso da Copa do Brasil é o fato de que toda partida é importante.
O Campeonato Paulista começa agora. As partidas da segunda fase são importantes, decisivas.
Sou a favor, como tenho dito em diversas ocasiões, de competições que não enganem os torcedores, que tenham jogos que valham alguma coisa.
Só assim o torcedor vai voltar aos estádios. Com organização. E com paz.
Um clima de guerra, como o que está sendo criado para a final da Copa do Brasil, não é nada bom para o futebol. É nocivo ao esporte brasileiro. Tão nocivo quanto à desorganização causada por nossos dirigentes.

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