São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995 |
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Clássico de hoje pode ser eliminatório
ALBERTO HELENA JR.
O Santos surpreendeu na primeira fase pela versatilidade de seu ataque, ancorado no talento singular de Giovanni, um meia-armador artilheiro, de refinado estilo e indiscutível eficiência, embora não tenha ainda atingido o preparo físico suficiente (ou seria um caso de desconcentração intermitente?) para manter o mesmo ritmo ao longo de toda a partida. No banco, a mais promissora vocação de técnico dos últimos tempos: o ex-zagueiro Joãozinho, moço articulado que, discretamente, passa a sensação de saber muito bem o que quer de seus jogadores. Mas quem brilhou mesmo no banco, nesta temporada, foi o seu adversário desta tarde: o jovem, porém vivido, Candinho, autor da proeza de juntar uma equipe sem estrelas e montá-la de forma tão harmônica que a sua chegada no primeiro lugar da fase classificatória -longa, entediante e exaustiva- foi saudada como um simples gesto de justiça. A Lusa de Candinho não tem um Giovanni, o que, por sinal, é um fato inédito na sua história. Afinal, a Portuguesa, desde tempos imemoriais, sempre teve, pelo menos, um craque cintilante, um Julinho, um Pinga, um Ipojucã, um Ocimar, um Servílio, o filho, um Enéas ou um Dener. Agora, não. O que tem é um invisível fio condutor que mantém em permanente alerta todos os setores da equipe. A começar pelo goleiro -o experiente Paulo César, o melhor dos paulistas neste ano- protegido por uma dupla de zagueiros de primeira linha: Jorginho e Gilmar. No meio-campo, dois volantes implacáveis na marcação, escolhidos entre os três do elenco (Norberto, Capitão e Roque), e um veterano na arte de amarrar as pontas soltas entre este setor e o ataque -Caio, sempre bem coadjuvado pelo incansável Zinho. No ataque, dois típicos goleadores, e até aqui o balanço é perfeito: o bem rodado Paulinho e a revelação, ainda que tardia, Flávio. Por que, porém, seria um jogo eliminatório este clássico inaugural? Porque, apesar de todas as virtudes expostas, ambos terão de superar o trio-de-ferro, que, além de virtudes semelhantes, aqui e ali, contam com o peso da tradição. E, em futebol, às vezes, só isso basta. Olha aí uma chance de peixeiros e lusos contornarem o problema nesta tarde, ao menos no tocante a um dos componentes do trio-de-ferro, o Corinthians, que pega o União em Araras, mas com todos os seus sensores ligados no estádio Olímpico, onde tentará arrebatar a Copa do Brasil das mãos do Grêmio. Esta decisão tomou tal vulto para os corintianos que, desconfio, não ter sobrado espaço para os jogadores concentrarem-se hoje. A propósito, me liga o Pedro Ernesto, da Rádio Gaúcha, para dizer-me, no ar, que a gauchada está na bronca comigo. Lamento, mas não retiro uma vírgula do escrevi sobre o Grêmio. Texto Anterior: 'Operários' competem em clássico Próximo Texto: O golpe do século Índice |
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