São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995 |
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Integração x entregação Gestado em debates dentro e fora do governo, premido pelo esgotamento do nacional-populismo, estimulado por profundas mudanças no sistema internacional, o chamado ``modelo de integração competitiva" foi gradualmente montado desde meados dos anos 80. Ele nasceu antes da gestão Collor, sobreviveu à transição Itamar e recebeu, nas mãos de Fernando Henrique Cardoso, um tratamento prestigioso. As suas ambições políticas, chegou-se a dizer, têm como horizonte a diplomacia global. Nada seria mais oportuno, sob seu governo, que a convergência entre integração competitiva, vocação para o comércio global e uma nova afirmação geopolítica. Mas de modo inexplicável -e às vezes rocambolesco- o projeto límpido e maturado tem sofrido reveses impressionantes. Da demissão do secretário presidencial para o Comércio Exterior, há poucos dias, até o déficit comercial prolongado que desafia o governo, todo um modelo de geopolítica regional e global parece estar em questão. O incidente com a Argentina é apenas uma peça, importante, de um quebra-cabeças ainda longe de ser decifrado. Fernando Henrique Cardoso nunca foi um paladino do ultraliberalismo, mas os ziguezagues recentes nas áreas cambial, tarifária e da política industrial deixam um rastro que em nada contribui para a credibilidade do país junto aos seus parceiros externos. No extremo oposto, divertem-se com alguma perversidade os eternos críticos da integração externa, os órfãos do nacional-populismo e as viúvas do Muro de Berlim, para quem não há saída fora dos modelos protecionistas e estatizantes. O presidente expõe-se à ironia que sempre vitima os ``tucanos". Desagrada tanto os críticos da suposta entregação quanto os adeptos da integração competitiva. O risco é a busca do modelo misto acabar destrambelhando na mais pura confusão. Próximo Texto: Previdência e imprevidência Índice |
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