| São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995 |
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futebol é coisa de mulher
CRISTINA ZAHAR Há muito que o futebol deixou de ser exclusividade masculina. Mulheres de vários países -inclusive do Brasil, o país do futebol por excelência- invadiram os gramados, mostrando que são boas de bola.O reconhecimento é geral. Este ano, a seleção tem patrocínio de US$ 2 milhões da Maizena. Bicampeãs sul-americanas, as brasileiras tiveram a maior média de público das eliminatórias para a Copa do Mundo, que termina hoje na Suécia. Na final do Sul-americano, em janeiro em Uberlândia (MG), 72 mil pessoas apoiaram o Brasil na vitória sobre a Argentina. As 20 meninas convocadas pelo técnico Ademar Júnior têm histórias parecidas. A maioria vem de famílias humildes e numerosas. Começaram a bater bola na rua, largaram a escola e jogam por amor à arte, já que o status de atleta amador não lhes garante um salário digno. A centroavante Marileia dos Santos, 31, a Michael Jackson, tem dez irmãos. "Meu pai gosta tanto de futebol que fez logo um time inteiro". Hoje no Saad, de Campinas (SP), ela só sobrevive porque faz salgadinhos para festas. O sonho dourado é jogar no exterior. Delma Gonçalves, 19, a Pretinha, diz que aceitaria sem hesitar. "Aqui falta profissionalismo. Vale a vontade". Na Suécia, o objetivo era ficar entre os sete primeiros e assegurar a vaga na Olimpíada de Atlanta, em 96, na qual o futebol feminino será disputado pela primeira vez. Mas as meninas acabaram desclassificadas na primeira fase. Quanto ao preconceito, a atacante Roseli de Belo, 25, acha que ele é coisa do passado. "Ficamos orgulhosas de ouvir a torcida gritar nossos nomes". Para a psicóloga Daniela Cury, 25, com o grupo há dois meses, as mulheres estão derrubando conceitos machistas. "Nos EUA, futebol é esporte de mulher." C.Z. FICHA A seleção: goleiras - Meg e Eliane; zagueiras - Suzy, Elane e Solange; laterais - Nenê, Tania Maria, Valéria e Fanta; líbera - Cenira; meio-campistas - Sissi, Leda Maria, Marcia Taffarel e Yara; atacantes - Roseli, Michael Jackson, Formiga, Pretinha, Nalvinha e Kátia. Texto Anterior: nosso povo número um! Próximo Texto: exotismo na voz e nas passarelas Índice |
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