São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995
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barato legal?

CRISTINA ZAHAR

O médico acha descabida a argumentação favorável à legalização, que cita o aumento do consumo do álcool durante a Lei Seca, nos Estados Unidos. "Ali, se tentou mudar uma cultura por meio de um decreto. Mas maconha e cocaína não fazem parte de nossa cultura".
Segundo Oliveira, que considera o álcool a droga mais pesada de todas e a que mais mata no Brasil, o problema da maconha não está no uso, mas no abuso e na dependência. E quanto maior a disponibilidade da droga, "maior o risco de abuso e dependência", alerta.
Em outros países, como Espanha e Alemanha, a maconha e o haxixe são legalizados para uso pessoal. Nos EUA, onde foram gastos US$ 100 bilhões em dez anos na repressão ao tráfico, há 11 Estados que já adotaram leis mais brandas em relação ao tratamento dos usuários de maconha. Na Califórnia, o porte e a venda são punidos apenas com multa.

Álcool mata mais
Para os leigos, a maconha é considerada "droga leve" em comparação a outras substâncias que provocam rápida dependência física. Mas é uma poderosa alteradora da capacidade funcional do cérebro.
O médico Sergio Graff, da Sociedade Brasileira de Toxicologia, diz que as chamadas drogas de abuso podem ser divididas em três grandes grupos: as estimulantes do sistema nervoso central, como nicotina, anfetaminas e cocaína; as depressoras, como opiáceos e opióides (derivados do ópio, como heroína e morfina), álcool, calmantes e barbitúricos; e as perturbadoras (que provocam efeitos diversos sobre o sistema nervoso), como maconha, ácido lisérgico e alcalóides de plantas como o lírio.
Os que defendem a descriminação, e em um estágio mais avançado a legalização, argumentam que as drogas lícitas como cigarro, álcool e anfetaminas (presentes em remédios para perder peso) viciam e matam mais que as ilegais. Álcool e tabaco matam todos os anos 80 mil brasileiros.
Partidário da legalização da maconha, o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) não apóia nenhum dos projetos em tramitação no Congresso. Ele acha que, em um primeiro momento, é preciso lutar para tratar diferentemente usuário e traficante. "Queremos tirar o usuário da prisão porque ela não resolve nada. Se ele ainda tiver que pagar multa, pagará pelo atraso da lei", diz. Seu objetivo continua sendo a

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