São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 1995 |
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Paixão justifica o cinema
INÁCIO ARAUJO
Mas não importa, ao menos para quem já viu ``Ed Wood", o notável filme de Tim Burton que está em cartaz nos cinemas. E porque ``Ed Wood" coloca em questão, justamente, o tipo de avaliação que se faz dos filmes. O filme de Burton incensa aquele que é considerado ``o pior cineasta do mundo". Wood trabalhava com um punhado mínimo de dinheiro e não tinha nenhum talento especial. Em compensação, tinha um real amor pelas pessoas, o que o levou a descobrir Bela Lugosi, o velho astro de filmes de terror, num momento em que já estava abandonado por todos. E tinha também uma enorme paixão por filmar. Ora, isso é tudo que diferencia o Ray Nazarro de ``O Poder da Vingança" e o Garry Marshall de ``Médicos, Loucos e Apaixonados". Com meia dúzia de figurantes, Nazarro fazia uma tribo de índios em guerra. Ao contrário de Wood, tinha talento e desenvoltura, mas isso é um detalhe. Marshall é o sujeito que, nos bons dias, se sai com ``Uma Linda Mulher" (1990) e faz um sucesso louco. Satisfaz Hollywood, embora tudo ali seja falso. Em ``Médicos, Loucos e Apaixonados", Marshall faz uma comédia (sua estréia, no mais) com competência artesanal, pouco sentido de ritmo e um tanto perdido entre seus vários personagens, em um hospital. Para quem fica do lado da produção, o filme é o de Marshall. Para quem fica do lado da paixão, o filme é o de Nazarro. (IA) Texto Anterior: Fernando Henrique assopra as velhas! Próximo Texto: FHC diz o que pensa em comício imaginário Índice |
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