São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 1995
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Ex-diretor da Casa de Detenção é preso

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-diretor da Casa de Detenção de São Paulo Amador Bueno de Paula, 52, foi preso anteontem sob a acusação de ter desviado verbas de uma conta destinada a pagar benefícios para os presos.
Bueno de Paula não quis dar entrevista ontem. Após ser interrogado pela polícia sobre o desvio de verba, ele foi levado ao COC (Centro de Observação Criminológica), no complexo penitenciário do Carandiru (zona norte de SP).
O ex-diretor está sendo investigado em sete outros inquéritos pela Divisão de Crimes Funcionais do Decon (Departamento de Polícia do Consumidor).
Segundo o delegado Guilherme Santana, 56, Bueno de Paula é suspeito de ter desviado US$ 2 milhões da conta do tesouro estadual quando dirigiu a penitenciária de Franco da Rocha (90 a 92). Além disso, ele também é suspeito de fazer licitações (processos de compras e contratação de serviços) fraudulentas, de vender fugas de presos e de desviar alimentos.
O inquérito que resultou na prisão de Bueno de Paula foi concluído anteontem com seu interrogatório. Ele compareceu para depor e foi informado de que sua prisão havia sido decretada pelo juiz-corregedor Francisco Galvão Bruno.
A polícia ainda não sabe quanto foi desviado da conta bancária do presídio usada por empresas que contratam presos para pagar os serviços feitos pelos detentos.
Segundo o delegado, 70% do dinheiro paga os salários dos presos. O resto é administrado pelo diretor da prisão e deve ser usado para beneficiar os detentos. Em vez disso, Bueno de Paula teria usado o dinheiro para pagar o salário de funcionários contratados sem concurso público.
Entre esses contratados estaria Walney Lopes Nascimento, que chegou a ser um dos corregedores da Detenção. ``Eu não sabia dessas irregularidades em minha contratação", afirmou. Formado em direito, Nascimento é hoje agente de segurança penitenciária.
Segundo o secretário da Administração Penitenciária, Belisário dos Santos Junior, 47, Bueno de Paula foi demitido ``a bem do serviço público" em 94. Ele respondeu a quatro processos internos.
Além do ex-diretor da Detenção, outros dois funcionários do presídio estão sendo investigados sob a acusação de terem participado das irregularidades.

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