São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 1995
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Governo suspeita de sonegação de gás

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL; DA FOLHA VALE

A Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça convocou reunião para hoje com os distribuidores de gás. O governo suspeita que as empresas estavam sonegando o produto e cobrando ágio nas últimas semanas.
``Quero tirar deles a confissão, as contradições de que houve irregularidades na distribuição de gás", disse ontem o titular da SDE, Aurélio Wander Bastos.
Ele afirmou que tem ``fortes evidências" de que houve sonegação, ágio e locaute das distribuidoras de gás. Disse ainda que recebeu um ``significativo volume" de denúncias sobre as irregularidades.
Mas ele não apresentou nenhum dado à imprensa. Bastos não soube precisar o número de denúncias nem quais as empresas mais denunciadas. Pela manhã, ele se reuniu com regionais do Procon.
Bastos disse que as queixas vêm principalmente de Brasília, São Paulo e Anápolis, por telefone.
Bastos apenas listou seis distribuidoras que têm representantes em Brasília e que, por isso, foram convocadas para a reunião. São elas: Onogás, Agipliquigás, Copagás, Minasgás, Petrográs e Supergasbrás e o seu sindicato.
Quando questionado porque não haveria a participação do DNC (Departamento Nacional de Combustíveis), responsável pela política de distribuição, ele disse desconhecer a existência do órgão.
Caso consiga comprovar indícios de algumas de suas denúncias, Bastos pretende abrir inquérito administrativo com base na lei antitruste (pune práticas abusivas de preços). Nesse caso, as multas variam de R$ 4.236 a R$ 70.610.
Como prova da falta de gás, caminhoneiros estão se deslocando de São Paulo para São José dos Campos para comprar gás. Eles cobram até R$ 10 de frete pelo botijão transportado.
As distribuidoras de gás negam que tenham retido o produto à espera de aumento no preço, autorizado na segunda-feira passada.
Um dos argumentos utilizados pelas distribuidoras para justificar a crise no abastecimento é a falta de tanques para armazenamento.
Hoje, segundo as empresas, o país tem condições de armazenar o produto para apenas três dias de consumo. Ou seja, o Brasil consome 18 mil toneladas diárias de gás e os tanques têm condições de armazenar 50 mil toneladas.

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sobre gás na pág. 3

Colaborou a Folha Vale

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