São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 1995
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Argentina atrasa pagamento de aposentado

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, atrasou em até dez dias o pagamento dos aposentados por falta de recursos. Os benefícios referentes a junho superiores a US$ 200 serão pagos até o dia 21 de julho, com dez dias de atraso.
Esta é a segunda vez em quatro meses que Cavallo posterga o pagamento de 700 mil aposentados que têm pensões maiores que US$ 200, de um total de 3 milhões, para pagar em dia os encargos da dívida pública.
O novo atraso no pagamento das pensões e benefícios da Previdência aumentou ainda mais a inquietação do mercado financeiro. Teme-se que o ministro da Economia não consiga equilibrar as contas públicas neste ano.
Ontem, circularam rumores de que Cavallo teria desviado o equivalente a US$ 700 milhões do fundo de reestruturação do setor bancário para pagar em dia encargos da dívida pública.
O próprio Cavallo foi obrigado a sair a público para tentar tranquilizar os investidores.
Ele afirmou que não negociará um novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e que o país terá um crescimento anual de 5% nos próximos cinco anos.
O secretário de Finanças, Bancos e Seguros, Roque Maccarone, afirmou ontem que não houve utilização dos recursos do fundo bancário -oriundos de bancos comerciais, Banco Mundial e FMI- para pagar juros da dívida pública.
O secretário de Seguridade Social, Walter Schulthess, disse que não existem verbas disponíveis para pagar em dia o volume total de pensões e metade do 13º salário, que somam US$ 1,7 bilhão.
Ele reconheceu que Cavallo poderia antecipar os recursos para que não ocorressem atrasos no pagamento das pensões. O ministro não aceitou esta proposta.
Antes, a Anses (Associação Nacional de Seguridade Social) recorria a empréstimos do Banco Nación (estatal semelhante ao Banco do Brasil). Este tipo de operação foi proibido por Cavallo.
Associações de aposentados, reunindo mais de 2.000 pessoas, protestaram ontem em frente ao Congresso contra o novo adiamento do pagamento das pensões.
Na Argentina, a maior parte dos aluguéis, contas de luz, água, telefone, gás e condomínio vence no quinto dia útil do mês.

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