São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995
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"Brecha" em projeto sobre união de gays tolera adoção

FERNANDO MOLICA *

FERNANDO MOLICA; MAURICIO STYCER
DA SUCURSAL DO RIO

A deputada federal Marta Suplicy (PT-SP) revelou que seu projeto de "união estável" entre homossexuais tem uma "brecha" que possibilita a adoção de crianças por casais de gays e lésbicas.
Ela afirmou que, apesar do projeto proibir a adoção, esta poderá ser feita antes da formalização da "união estável" -na prática, seria feita por pessoas solteiras e vigoraria após o "casamento".
A não-possibilidade da adoção tem sido citada por Marta para diferenciar a "união estável" do casamento. Também serviria para facilitar a aprovação do projeto.
Presidente de honra da 17ª Conferência da Ilga (Associação Internacional de Lésbicas e Gays), a deputada mostrou ontem no evento a versão inicial do projeto, que deve ir ao Congresso em agosto.
Também ontem, diversos casais homossexuais participaram de uma espécie de casamento coletivo celebrado pelo pastor argentino Roberto Gonzalez. O pastor, que é gay, fez um ato contra a discriminação contra homossexuais.
A conferência termina neste domingo, com uma "marcha pela cidadania" em Copacabana (zona sul). Um grupo de extrema-direita, a Juventude Nacionalista Brasileira, pretende fazer panfletagem em protesto contra os homossexuais.
Claudio Nascimento, um dos organizadores da conferência, diz não temer provocações. ``Eles pensam que somos fracos, maricas, delicados. Somos homossexuais, mas muito machos", diz.

* Colaborou MAURICIO STYCER, enviado especial ao Rio.

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Sobre casamento entre gays à pág. 3-2.

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