São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995
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Brasil não apura crimes, diz 'Anistia gay'

MAURICIO STYCER
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O Brasil não é apenas um dos países mais violentos do mundo para homossexuais, segundo a Comissão Internacional de Direitos Humanos de Gays e Lésbicas.
``O Brasil é um país em que o governo claramente não está interessado em investigar as acusações de violência contra homossexuais", diz Julie Dorf, diretora-executiva da entidade.
A comissão que Dorf dirige é uma espécie de Anistia Internacional especializada em denunciar crimes contra gays.
Inspirada abertamente na Anistia, a entidade recolhe denúncias de violação de direitos humanos contra gays e lésbicas e pressiona as entidades que podem dar alguma solução para os casos.
O sistema de pressão mais utilizado é o envio de correspondência. A comissão relata o caso em seu boletim, `Action Alerts", e pede aos seus associados, cerca de 150 em todo o mundo, que escrevam cartas exigindo investigações e divulguem a denúncia em seu país.
O Brasil raramente deixa de contribuir com algum caso para o `Action Alerts". O último número relata, por exemplo, o assassinato do travesti Gisele Gagá, no início do ano, em Curitiba.
O boletim pede aos associados que escrevam ao governador Jaime Lerner e aos secretários de Justiça e de Segurança Pública perguntando como andam as investigações e que medidas serão tomadas.
O boletim relata ainda o caso de um pastor prostestante de Goiás que está sendo ameaçado de morte por ter realizado um casamento entre gays, em 94.
``Não posso dizer que o Brasil é o campeão mundial de violações dos direitos dos homossexuais. O que sei é que há muitas denúncias bem documentadas no país. Na China, por exemplo, não há números nem informações", diz Dorf.
Ao lado do Brasil, ela cita Colômbia, México e Equador como países onde a situação dos gays é ``péssima".
``Mas não existe uma `gayland' (um lugar dos gays) no mundo. Em todo país há problemas", diz.
Fundada em 90, nos EUA, a organização não tem fins lucrativos.

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