São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995
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Material escolar 'encalha' em SP

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo retém há seis meses um estoque de 2.000 toneladas de material escolar destinado a 5 milhões de estudantes. Avaliado em R$ 47,9 milhões, o estoque inclui 20 milhões de cadernos.
Estocado em quatro depósitos em São Paulo, o material entregue pelo Programa Nacional de Material Escolar da Fundação de Assistência ao Estudante (FAE) deveria ser distribuído até fevereiro, data do início das aulas.
A FAE está pagando R$ 50 mil mensais pelo aluguel de três armazéns onde está depositado o material. O dinheiro daria para comprar 20 mil cadernos por mês.
Os estoques contêm ainda 19,9 milhões de lápis, 9,9 milhões de borrachas, 5 milhões de canetas esferográficas e apontadores e 1,5 milhão de réguas.
Carretas com capacidade para dez toneladas formariam uma fila de oito quilômetros no transporte do material estocado.
Cada ``kit" contém quatro cadernos de 48 folhas, quatro lápis, duas borrachas, um apontador e uma caneta esferográfica. Os alunos de 5ª a 8ª séries recebem ainda uma régua de 30 centímetros.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Educação informou que houve problemas que causaram atraso na distribuição do material, mas que a situação deve estar normalizada até a próxima semana (leia texto abaixo).
Encalhe
O deputado Marquinho Chedid (PSD-SP) descobriu o encalhe da Secretaria da Educação quando buscava informações sobre a liberação de material escolar da FAE para cidades de sua base eleitoral.
``É um absurdo que esse material esteja retido há seis meses, enquanto crianças deixam de estudar porque não podem comprar cadernos e lápis", diz o deputado.
O chefe do departamento de operações da FAE, José de Arimatéia Pinheiro, enviou no dia 9 deste mês um ofício à secretária de Educação de São Paulo, Rose Neubauer, solicitando a retirada do material.
No ofício, Pinheiro afirma que a secretaria foi informada sobre a entrega dos ``módulos escolares" (``kits") em 11 de novembro de 94. Naquela data, a FAE pediu pela primeira vez a retirada do material nos depósitos de São Paulo.
Pinheiro diz no ofício: ``Como até a presente data essa secretaria não tomou tal providência, queremos comunicar que o contrato entre a FAE e a proprietária do depósito expira no dia 30 do corrente mês".
O chefe de operações da FAE solicita, então, que a secretaria retire imediatamente os ``kits" ou assuma o pagamento da locação dos depósitos a partir de 1º de julho.
Atraso
Pinheiro afirma que aconteceu o mesmo atraso em São Paulo no ano passado. ``Quando expirou o contrato entre a FAE e os armazéns, a secretaria passou a pagar os aluguéis", diz Pinheiro.
A FAE distribuiu 7 milhões de toneladas de material escolar para todo o país. O material das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste foi entregue pelo Correio.
As secretarias estaduais das regiões Sul e Sudeste assumiram o compromisso de transportar para as suas escolas o material que receberam. Até agora, apenas a secretaria estadual de São Paulo não retirou o material.
A maior parte do material distribuído para a rede de escolas municipais do Estado de São Paulo já foi retirado pelas prefeituras. Apenas 24 cidades deixaram de recolher os ``kits".

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