São Paulo, sábado, 24 de junho de 1995
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Entidade precisa atualizar formas de ação

CELSO AMORIM
ESPECIAL PARA A FOLHA

Há exatamente meio século, menos de dois meses após o armistício na Europa e antes do término da Segunda Guerra Mundial na Ásia, 51 países assinavam em San Francisco a Carta das Nações Unidas, criando mecanismos para a manutenção da paz e da cooperação internacional ainda hoje em vigor. Vinte países latino-americanos, dentre os quais o Brasil, foram fundadores da organização.
Nestes 50 anos, a ONU foi testemunha e promotora de uma das mais profundas e rápidas mudanças nas relações internacionais: o processo de descolonização. Teve papel decisivo no combate ao apartheid e na sua superação.
Promoveu novas formas de cooperação para o desenvolvimento e também possibilitou, embora de forma incompleta, avanços na área do desarmamento e do controle das armas de destruição em massa.
Em todos esses processos, o Brasil teve atuação destacada na defesa dos princípios do multilateralismo, autodeterminação, não-intervenção e igualdade jurídica dos Estados.
Com o fim da Guerra Fria e as mudanças no cenário internacional no final dos anos 80, surgiram novos desafios para o sistema multilateral. Democracia, direitos humanos e desenvolvimento sustentável transformaram-se em temas globais e passaram a exigir uma redefinição das formas e do alcance da cooperação internacional.
O Brasil tem sido um ator relevante na construção de consensos internacionais em temas que afetam a vida de todos os cidadãos.
Uma das principais tarefas da ONU hoje é lidar com o número crescente de conflitos regionais que exigem a participação de forças de paz. Para enfrentar essa problemática, é imperioso proceder a uma atualização dos mecanismos de ação da ONU, especialmente no campo da paz e da segurança.
O Brasil tem defendido a reforma do Conselho de Segurança, que amplie sua legitimidade e o torne mais eficiente. Sente-se qualificado para tornar mais efetiva sua atuação neste campo, inclusive no contexto de um aumento de assentos permanentes.
Em um contexto de globalização acelerada, torna-se necessário reafirmar o mandato das Nações Unidas tanto na vertente da paz e da segurança como na vertente econômica e social.

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