São Paulo, domingo, 25 de junho de 1995
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Reitor negro diz que entrave é econômico

HÉLCIO ZOLINI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Tomaz Aroldo da Mota Santos, 51, lamenta o reduzido número de negros, estudantes ou professores, nas universidades brasileiras.
Santos é o único negro a dirigir uma universidade federal no Brasil. Ele é também vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior, órgão que reúne 53 entidades.
Para ele, no Brasil, a discriminação está ``menos" na cor e ``mais" no poder econômico.
O reduzido número de negros nas universidades, segundo ele, não se deve a um preconceito das instituições. ``Tanto que sou reitor, eleito pela comunidade", diz.
Para o reitor, a universidade não tem a intenção de excluir os negros porque o mecanismo de ingresso para professores, estudantes ou funcionários é único.
``O ingresso é pelo mérito das pessoas que prestam concursos públicos. O problema está em que os negros tenham condições de participar desses concursos", diz.
Para ele, é preciso recuperar a contribuição da raça negra para a formação da cultura e para a construção do país.
``Incluir a população negra nos benefícios sociais e econômicos é abater um pouco a dívida que o país tem para com ela".
Santos é formado e doutorado em farmácia e bioquímica na UFMG. Fez pós-doutorado em imunologia no Instituto Pasteur, em Paris (França).
Filho de um farmacêutico prático, estudou em escolas públicas na Bahia e em Belo Horizonte.
Casado com um mulher branca, ele diz que isso sempre chamou a atenção das pessoas. ``Formamos um casal bicolor".

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