São Paulo, domingo, 25 de junho de 1995 |
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"O Quinteto" é "Malhação" sem a boçalidade
SÉRGIO DÁVILA
Estrutura-se do mesmo jeito que a série brasileira. Ambos têm capítulos independentes e uma história comum, ambos são dirigidas aos adolescentes. Detalhe que faz a diferença: ``O Quinteto" não é boçal. Conta a história de cinco irmãos de classe média que perdem os pais já no primeiro episódio, em um acidente. São órfãos e tentam ser unidos. A TV norte-americana -e, por exportação, a brasileira- sempre foi pródiga em comédias de situação com famílias. Varia-se (eis o segredo do sucesso do formato) o tempero. Pode ser a vida rural, a música, um extraterrestre, poderes sobrenaturais, os anos 60, o que se quiser. (Talvez esteja aí a falta de tutano e charme de ``Malhação": o que conduz a narrativa não é uma família, mas os aparelhos de uma academia.) Em ``O Quinteto", esse tempero diferenciador é a ausência dos pais. Depois do acidente fatal, os cinco irmãos da família Salinger partem do zero. Como o telespectador. Eles testam seus limites dia-a-dia. Formulam as novas regras -o que ``pode" e o que ``não pode", o que é ``certo" e o que é ``errado"- minuto a minuto. Junto com o telespectador. É um ``Você Decide" ideal: você tem a falsa sensação de estar participando das decisões, mas não precisa explicitar por telefone a sempre penosa tarefa de escolher. A boa idéia inicial é reforçada pelos quatro atores principais (o quinto da família é um bebê de 11 meses), desconhecidos, mas talentosos. Brilha principalmente a menor, Claudia (Lacey Chabert), de 12 anos, metida a ser violinista. A miniatriz é o contraponto bem-humorado de um tema que, fácil, fácil, poderia cair no dramalhão. Se não fosse levar a sério demais um seriado, daria até para pensar que o nome da família é uma referência a um grande escritor norte-americano, o recluso J.D. Salinger. Afinal, sua obra principal, ``O Apanhador no Campo de Centeio", não é mesmo um adolescente, livre dos pais, descobrindo o mundo? Em uma grande emissora, ``O Quinteto" seria sucesso. Na Record, já virou ``cult". Texto Anterior: O bode verde Índice |
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