São Paulo, segunda-feira, 26 de junho de 1995
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Sebastião Salgado; Critérios; Juros de 12%; Bresser Pereira; Monopólio; Política salarial; TV Cultura; Lição indígena; Janio

Sebastião Salgado
``Sebastião Salgado, ontem no Mais!, dá uma lição de jornalismo àqueles que reduzem o mundo aos meandros do ajuste fiscal de Brasília e à grana da avenida Paulista."
Emir Sader (São Paulo, SP)

Critérios
``O leitor da Folha não é abstrato, é concreto, lê, raciocina e eventualmente se manifesta por carta ao Painel do Leitor. Ao não ver nem sequer uma frase de sua carta publicada, fica frustrado, pois a instrução da Folha no topo da coluna indica um máximo de 15 linhas e resumo como condição para publicação. Uma vez que não publicam todas, sugiro que publiquem os critérios para a seleção das cartas. Também em `Tendências/Debates' a Folha comete descuidos, pois, ao mesmo tempo em que informa que essa seção `... obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir diversas tendências do pensamento contemporâneo', coloca um artigo como o do dia 14/6, `Sylvio Pereira, Pai', que é uma exaltação a um pai, mas nada tem a ver com debate -a seção foge ao contexto da página Opinião. Ficou ridículo ao lado do artigo (este sim de debate) `O rancor antiliberal contra a UDN', do professor Oscar Dias Corrêa, e das opiniões dos leitores no Painel do Leitor. Como a pág. 1-3 da Folha é a única que inscreve em seu topo regras para os leitores e propósitos dos debates, sugiro que a Folha cumpra aquilo que ela mesma estabelece, ou altere, se necessário, as regras e/ou a concepção dessa importante página."
Richard Domingues Dulley (São Paulo, SP)

Juros de 12%
``O Banco Central continua lento, contemplativo e distanciado da realidade econômica do país. O banco é indisfarçavelmente contrário ao tabelamento constitucional dos juros em 12% ao ano e reedita medida para estimular a renegociação de dívidas de pessoas físicas com instituições financeiras (débitos de cheques especiais) e com administradoras de cartões de créditos. O limite de 12% ao ano para os juros é questão vital para a sobrevivência da indústria e do comércio. E o endividamento das pessoas físicas, no país, já chegou além da capacidade de cada cidadão. Logo, as medidas do Banco Central continuam tardias."
Mauri Vieira Costa, presidente do Conselho Regional de Administração e do Sindicato dos Administradores no Estado de Pernambuco (Recife, PE)

Bresser Pereira
``O governo FHC ao indicar o sr. Bresser Pereira para ocupar um cargo no Ministério da Administração pública ratifica sua `cara-de-pau'. O sr. Bresser vem com a maior `cara-de-pau' propor reformas que afetam o trabalhador, como se já não bastasse o plano econômico criado por ele no governo Sarney. O Plano Bresser levou milhares de trabalhadores a reclamarem na Justiça perdas salariais oriundas das medidas do pacote econômico. O próprio Bresser, alguns anos após o plano, pleiteou os prejuízos e recebeu."
Wanderley Cairo de Oliveira (Rio de Janeiro, RJ)

Monopólio
``Sai o monopólio da Petrobrás, entra o oligopólio das Sete Irmãs. Só falta o Senado aprovar o nome do deputado federal Roberto `Jari' Campos para presidente da Petrobrás. Aí o entreguismo ficará, finalmente, consubstanciado."
Jurcy Querido Moreira (Guaratinguetá, SP)

Política salarial
``O governo FHC está realizando a tão propalada isonomia salarial por baixo. Essa política salarial é seguida pelo governo do sr. Tasso Jereissati. Projetando-se essa situação lastimável de falta de renda para todos os trabalhadores do país, pois salário é renda e renda significa demanda, fico a imaginar para quem as indústrias brasileiras vão vender os seus produtos. O caminho é acabar com a impunidade geral no país, em primeiro lugar e, em segundo, incentivar a produção de todos os produtos e serviços, criando empregos dignos para os milhões de desempregados. E, em terceiro, investimento de 10% a 20% do PIB em educação, principalmente profissionalizante."
Francisco de Sales de Sousa Zednik (Fortaleza, CE)

TV Cultura
``Não sou favorável à participação do Estado em muitos ramos de atividade, nem conheço a fundo o problema da TV Cultura. O que gostaria de expressar é apenas a opinião de um pai de dois filhos, de quatro e seis anos, de Bauru, onde pouca ou nenhuma atividade cultural existe como lazer para crianças dessa idade. Programas do nível do `Castelo Rá-Tim-Bum', `Mundo da Lua', `X-Tudo', `Glub Glub', entre outros, que constituem a chamada grade de programação da emissora, garantem, tenho certeza, uma audiência sem precedentes para uma emissora não-comercial. Digo isso de maneira empírica, apenas vendo o comportamento de meus filhos e de seus amiguinhos."
Maurílio Usó (Bauru, SP)

``Como telespectadora da TV Cultura, sinto-me ofendida com a hipótese de quebra na programação. Seus programas educam brincando. É uma educação leve, divertida. A TV Cultura faz jovens, adultos e crianças pensarem e compreenderem as coisas de um modo simples e cotidiano."
Greisse Nilly Fernandes (São José, SC)

Lição indígena
``Em uma reunião realizada por diversas tribos indígenas para se discutir sobre os atos do homem branco, um dos caciques, sentado em uma roda, definia de forma calma e serena a conduta do chefe branco, que não queria respeitar a lei que demarcava suas terras: `A nossa lei é o respeito aos nossos costumes, nossas tradições e ao nosso povo. Se o índio disser alguma coisa, vocês não precisam escrever, porque isso será para toda a vida dele e de seus descendentes, mas, se o branco escrever algo importante, ele mesmo brigará com todos para que esqueçam o que ele escreveu'. Essa lição indígena foi dada por um cacique da tribo Cocama do Alto Solimões (AM) e que está praticamente extinta devido ao crédito que deram ao homem branco. Isso nos faz raciocinar sobre a natureza humana, como escreveu Otavio Frias Filho em seu artigo `Antropologia' (22/6). Os povos ditos primitivos viveram num paraíso de harmonia e felicidade, sim, mas tudo isso acabou quando os chamados civilizados invadiram esse paraíso, há centenas de anos, para nunca mais deixá-lo. Antropologia é a ciência natural que se ocupa do homem e tem como objetivo o estudo e a classificação dos caracteres físicos dos grupos humanos. A partir disso poderemos entender melhor a natureza humana, mesmo daqueles que escrevem e dizem para todos, `esqueçam o que eu escrevi'."
Isaias Ribeiro, diretor-secretário da Associação dos Escritores do Amazonas (Manaus, AM)

``O governo FHC está para assinar um novo decreto que estabelece os procedimentos para demarcação das terras indígenas, revogando o decreto 22/91. A julgar pelos recentes depoimentos do ministro da Justiça, Nelson Jobim, às comissões da Câmara, a proposta do governo representará um grande retrocesso aos direitos indígenas. As novas regras para a demarcação de áreas indígenas, prevendo o contraditório, teriam efeito retroativo, desconstituindo o procedimento até aqui realizado em 368 áreas, incluindo-se aí as já demarcadas e identificadas."
Ivan Valente, deputado federal pelo PT-SP (Brasília, DF)

Janio
``Como paulista que deixou São Paulo por opção há 20 anos, mas que nunca deixou de ler a Folha, e pela emoção e crença renovadas na honestidade profissional que passam sempre os artigos de Janio de Freitas, sou forçado a extravasar diante de seu artigo, de 23/6, intitulado `Coerentes e desinteressados'. Esse artigo comprova de maneira soberba aquilo que tantos leitores já afirmaram: sem julgamento de mérito dos demais, o Janio justifica sozinho a assinatura da Folha."
Paulo Roberto Albieri Nery (Uberlândia, MG)

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