São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995 |
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Cai 2º homem da Educação, acusado de gastar demais
RUI NOGUEIRA; ABNOR GONDIM
Oliveira foi substituído por Gilda Portugal Gouveia, que chefiava a delegacia do MEC em São Paulo e já tinha ocupado a secretaria-executiva, como interina, em janeiro deste ano. Dossiê O dossiê elaborado pela Ciset foi entregue ao ministro Paulo Renato Souza. No documento, o ex-secretário era acusado também de exigir mordomias como motorista extra para a hora do almoço. O afastamento do secretário foi a primeira decisão do ministro Paulo Renato ao reassumir a pasta ontem, 20 dias depois da convalescença da cirurgia cardíaca para a implantação de três pontes mamárias e duas de safena. Oliveira estava no ministério desde o dia 2 de fevereiro. Um dos memorandos do dossiê da Ciset, datado do dia 27 de abril, avisa ao ministro que o ex-secretário requisitou em dois meses e meio um total de R$ 28.403 para viagens. Deste valor, R$ 14.153 correspondiam a passagens e R$ 14.250 a diárias. O memorando é da CSG (Coordenação de Serviços Gerais). Em outro memorando do dia 29 de março, o ex-secretário pede que o ministério arrume um motorista-extra para ficar à sua disposição na hora do almoço. O que mais irritou o ministro Paulo Renato, no entanto, foram os pagamentos feitos a consultores de programas envolvendo o MEC e a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). Por 20 dias de trabalho, o ex-secretário mandou pagar cachês de R$ 5.100. Oliveira requesitou várias passagens -algumas para cidades como Paris e Londres- para ``investigar os indicadores educacionais de países da UE (União Européia)". Indicadores disponíveis em Brasília, nas embaixadas dos países da UE ou na embaixada da própria União. A Folha tentou contactar Oliveira por meio de sua secretária no MEC. Ele não atendeu nenhum dos pedidos. Carta Na carta de despedida, João Batista Araújo de Oliveira, segundo nome na hierarquia do ministério, justifica a sua saída por discordar da atenção excessiva do governo ao ensino superior. ``Acima e independentemente de cargos ou posições, minha vida profissional sempre esteve marcada pelo compromisso com a educação e especialmente com a educação fundamental. Deste compromisso, não me desviarei", escreveu o ex-secretário. Em entrevista, Paulo Renato atribuiu a saída de seu assessor, ``em parte, por desentrosamento com a equipe dele". Sobre a crítica à falta de atenção ao ensino fundamental, o ministro disse apenas que ``a prioridade dele (Oliveira) é a nossa prioridade". Paulo Renato estava ausente do ministério desde o dia 6 de junho, quando foi se submeteu às cirurgias. Ele ficará se recuperando na praia de Porto de Galinhas, a 60 km de Recife (PE). Texto Anterior: Falência real Próximo Texto: CMF 'tiraria a saúde do sufoco', diz Jatene Índice |
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