São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 1995
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Konchalovski aceita a diferença

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando se olha uma paisagem, diz o historiador americano Simon Schama em ``Landscape and Memories", seu mais recente estudo, o que se vê não é a natureza, mas o resultado de nossa cultura. A idéia é de que não existe pureza no mundo intocado pelo homem.
Mas para alguns, como a personagem de Jill Clayburgh em ``Gente Diferente" (Globo, às 24h), do diretor russo Andrei Konchalovski, a cidade ainda é o centro de tudo o que há de mau. E o melhor dos mundos ainda é uma terra distante.
Assim, para afastar sua filha das drogas, ela parte de Nova York para o Estado da Louisiana, se hospedando na casa de parentes distantes.
Mas esse afastamento em relação aos parentes que encontra se refere a algo muito maior do que apenas ao tempo ou a distância.
Clayburgh encontra pessoas em um estado quase selvagem. Dotadas, enfim, de uma outra ética e outra noção de justiça.
O filme de Konchalovski é, então, montado por meio do embate entre um mundo que é em princípio civilizado e um outro, inaceitável para esse primeiro.
Se existe um tema central em ``Gente Diferente" talvez seja o longo e lento aprendizado da tolerância. A idéia de que, ao menos em algum momento, seja necessário a aceitação do outro. A mesma lição aprendida e ensinada por um russo como Konchalovski em meio aos americanos.

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