São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 1995![]() |
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Curta nacional é lançado em 55 cinemas
JOSÉ GERALDO COUTO
Produção: Brasil, 1995, 12 min. Direção: Ricardo Nauenberg Elenco: Carlos Moreno, Betty Prado, Sérgio Mamberti, Skowa Onde: cines Astor, Bristol e circuito Um curta-metragem brasileiro que entra em cartaz simultaneamente em 35 cinemas de São Paulo e 20 do Rio é, inegavelmente, um acontecimento. A primeira questão é: como o diretor Ricardo Nauenberg conseguiu essa proeza? Resposta: ele comprou ``espaço de mídia" dos cinemas, como se estivesse veiculando um longo comercial antes do filme principal em cartaz. A segunda questão é: onde ele conseguiu dinheiro para isso? Resposta: através do ``merchandising" (inserção de menções a produtos comerciais no interior de um filme). Ao longo dos 12 minutos de duração de ``O Acossado" desfilam nomes de dezenas de produtos que aparecem em cena, de Coca-Cola a Sonho de Valsa, do perfume Givanchy aos doces da Amor aos Pedaços. A pergunta crucial vem agora: afinal, ``O Acossado" é de fato um filme de curta-metragem ou um longo comercial? Para Nauenberg, 39, ex-diretor do Departamento de Multimídia da TV Globo e tarimbado diretor de comerciais, não cabe dúvida: seu trabalho é uma obra de arte, que simplesmente recorreu ao ``merchandising" como meio de viabilização. ``É bonito dizer que cinema é `uma câmera na mão e uma idéia na cabeça', mas a câmera custa US$ 60 mil", disse ele, na pré-estréia do filme para convidados, no MIS (Museu da Imagem e do Som), na última segunda-feira. Segundo Nauenberg, que não revela o custo de seu filme ``nem sob tortura", seu projeto -que prevê a exibição de um curta-metragem diferente por mês- é um novo caminho para a exibição de curtas no país. Cineastas presentes à mesma pré-estréia não concordam muito com isso. O curta-metragista Toni Venturi disse a Nauenberg que considera seu trabalho uma caprichada peça publicitária, e não um filme de ficção. A produtora de cinema Zita Carvalhosa criticou o fato de o filme não exibir os créditos da equipe que o realizou. Segundo ela, isso é uma das coisas que distinguem um filme de um comercial. O cineasta André Sturm, dono da distribuidora Pandora Filmes, disse à Folha que vê ``O Acossado" como ``publicidade de alto padrão, uma nova forma de utilização do comercial no cinema". O único cineasta que elogiou francamente o filme de Nauenberg foi Augusto Sevá, assessor de cinema da Secretaria Municipal de Cultura. Para ele, o diretor conseguiu conciliar a qualidade artística e a viabilidade econômica. José Roberto Torero, autor do livro ``O Chalaça" e diretor de curtas premiados, lembrou que ``outro cineasta fez durante décadas filmes compostos de `merchandising': Primo Carbonari". O que é, afinal, ``O Acossado"? É uma comedinha boba -um sujeito que fica nu num hall de edifício-, recheada por elegantes modelos e filmada em sépia com enquadramentos oblíquos e sofisticados recursos técnicos. Texto Anterior: `Faremos atividades conjuntas' Próximo Texto: Reeve vai a clínica de reabilitação Índice |
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