São Paulo, sábado, 1 de julho de 1995
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Equipe desiste de previsão de superávit

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Os membros da equipe econômica mudaram seu discurso e não fazem mais previsões sobre qual será o superávit no comércio externo deste ano.
A linha agora é dizer que, até o final do ano, haverá uma ``tendência de superávit".
No início do ano, a equipe ainda previa que as exportações superariam as importações em US$ 5 bilhões. Depois, com a persistência dos déficits, a ministra Dorothéa Werneck, da Indústria e Comércio, reduziu a previsão para US$ 2 bilhões.
Agora, declarações recentes do ministro da Fazenda, Pedro Malan, indicam que a equipe desistiu de qualquer previsão. ``Não importa o resultado de 31 de dezembro, o que vale é a tendência", voltou a dizer Malan, ontem.
A equipe também não faz previsão de déficit, mas parece claro que está se preparando para isso. Segundo a Folha apurou entre membros da equipe, a previsão foi abandonada porque, uma vez feita, vira um concurso para saber se o governo acerta ou não.
Repetiu-se aqui a mesma atitude em relação à inflação. O governo se recusa a fixar uma previsão ou meta, para evitar futuras cobranças.
Ontem, na entrevista coletiva sobre a nova medida provisória do real, Pedro Malan afirmou que o governo ``vai reverter os atuais déficits do comércio externo no segundo semestre". Não apostou em número, mas disse que as previsões de alguns economistas, de déficit de US$ 7 bilhões, ``não se realizarão".
Igualmente, o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco, comentou que a ``economia é um transatlântico e o importante é saber não onde está, mas para onde está indo".
O importante, de fato, é a tendência da economia. Se, no balanço de 31 de dezembro, o país tiver um déficit no comércio externo de todo o ano, mas havendo tendência de superávit no segundo semestre, este último será o dado significativo.
Mas o fato de a equipe econômica ter recorrido agora a esse argumento é sinal de que já considera possível a ocorrência de déficit nas contas de 31 de dezembro.

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