São Paulo, terça-feira, 4 de julho de 1995
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Blitz revela `golpe da mala' em Cumbica

FERNANDO GODINHO
COORDENADOR DE ECONOMIA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Receita Federal apreendeu neste final de semana, na ala internacional do aeroporto de Cumbica (SP), 40 bagagens com material contrabandeado e mais US$ 180 mil em dinheiro, que entraram no país também de forma ilegal.
Cinco volumes tiveram o passageiro identificado e, por isso, foram abertos.
Este contrabando foi avaliado em cerca de R$ 100 mil. Foram encontrados telefones celulares, aparelhos de fax, equipamentos de informática e de uso médico, além de máquinas fotográficas, secretárias eletrônicas e até mesmo canetas Mont Blanc.
Uma empresa importadora de Blumenau (SC) era a destinatária final desta mercadoria. Os US$ 180 mil foram localizados na mala através do raio x, que permite ver o interior das bagagens.
A Folha apurou que todas as bagagens apreendidas pela Receita entraram em Cumbica a partir do esquema conhecido como o ``golpe da mala desacompanhada".
Essas bagagens são embarcadas em aeroportos de outros países sem a identificação do passageiro. Quando chegam a Cumbica, ficam rolando nas esteiras de bagagem do setor de desembarque, sem que nenhum passageiro as leve.
Em nenhum momento a bagagem passa pela alfândega do aeroporto de Cumbica. Há a participação também de funcionários dos aeroportos de origem e todos recebem uma propina por cada bagagem contrabandeada.
No seu depoimento à Receita, o passageiro Giovani Marinhardt disse que estava nos EUA e retornou ao Brasil no último sábado.
Segundo ele, seu desembarque aconteceu no Rio de Janeiro -no aeroporto do Galeão- onde declarou à alfândega três malas e dois volumes de mão.
Como seu destino era São Paulo, ele foi reembarcado em um vôo internacional que desceu em Cumbica. Segundo Marinhardt em seu depoimento, quando estava no balcão de embarque, foi abordado por um homem de estatura baixa, moreno, de bigode ralo e de óculos. Esse homem lhe teria dito que a bagagem seria recebida em Cumbica.
A nova equipe da alfândega de Cumbica -que tomou posse há cerca de dez dias-, já estava investigando o golpe da ``mala desacompanhada" e, ao perceber que os volumes não foram pegos, anunciou a bagagem no serviço de som do aeroporto.
Marinhardt se apresentou e acabou sendo levado pela Receita para dar explicações. Ele foi liberado após depoimento, mas responderá a inquérito por contrabando.

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