São Paulo, terça-feira, 4 de julho de 1995
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O fardo das expectativas

A pesquisa Datafolha publicada ontem sobre a avaliação dos governadores de 11 Estados e do Distrito Federal traz dados interessantes que suscitam análise mais detida.
Face à pesquisa anterior, realizada em março, alguns mandatários estaduais registraram sensível queda na aprovação da população. Chamam a atenção os casos de Mário Covas (PSDB-SP), Antônio Britto (PMDB-RS) e Cristovam Buarque (PT-DF). De partidos e unidades da Federação diferentes, eles têm em comum o fato de terem sido eleitos como oposição à gestão anterior.
Essa escolha em geral implica uma expectativa de mudança por parte do eleitorado, estimulada pela própria campanha, que pode não corresponder às possibilidades concretas. Quando a população vota pela continuidade, a expectativa tende a ser mais realista, pois se baseia na experiência passada.
Já quando se vota pela mudança, é fácil esperar que ela se concretize de modo rápido e dramático. À medida que a realidade se impõe (como a atordoante dívida de São Paulo), é fácil também que a esperança se transmude em frustração.
O início da gestão paulista, por exemplo, tem sido marcado por cortes de gastos e de pessoal que não trazem resultados ou popularidade a curto prazo. O governador gaúcho assumiu em meio a expectativas muito favoráveis, enquanto o mandatário do DF, por ser do PT, sem dúvida evocava ainda mais a perspectiva de grandes e céleres transformações. Os meses foram passando, as mudanças não foram surgindo e a aprovação caiu.
É certo que há governadores de partidos diferentes de seus antecessores que melhoram sua avaliação. Deve-se considerar contudo as peculiaridades de cada Estado, as alianças políticas locais e os méritos pessoais dos mandatários.
Isso não modifica o fato de que, para alguns, iniciar o mandato sob a sombra de grandes problemas e grandes expectativas é situação bastante delicada. E que só será compensada com grandes doses -maiores do que as vistas até aqui- de ousadia e criatividade.

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