São Paulo, quarta-feira, 5 de julho de 1995
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Esquerda reage às afirmações de FHC

DAS SUCURSAIS; DA REPORTAGEM LOCAL

Personalidades identificadas com posições esquerdistas criticam o que consideram conservadorismo do presidente
Parlamentares, políticos e intelectuais com posições identificadas com a esquerda reagiram ontem às afirmações do presidente Fernando Henrique Cardoso, segundo as quais a esquerda constitui a ``vanguarda do atraso".
``Para ser de esquerda é preciso ser burro?", perguntou FHC, na segunda-feira, durante uma teleconferência (debate via satélite) patrocinada pelo PSDB.
``Concordo que não é preciso ser burro para ser de esquerda. Mas não acredito que seja necessário abraçar todas as velhas teses da direita para passar a ser inteligente", afirmou o deputado Domingos Leonelli (PSDB-BA).
Leonelli votou contra a quebra dos monopólios do petróleo e das telecomunicações.
O deputado estadual paulista Rui Falcão, vice-presidente nacional do PT, disse que FHC é ``arrogante". Para ele, a declaração de FHC revela a ``disputa com o PFL para ver quem é a vanguarda do neoliberalismo no país".
Gilberto Carvalho, secretário-geral do PT, disse que FHC mudou de campo político. ``A antiga esquerda, que agora é a nova direita, está inebriada pelo poder e não se dá conta de repetir velhas fórmulas em nome da modernidade", afirmou Carvalho.
Para o ex-deputado petista Aloizio Mercadante, FHC está atingindo o PSDB. ``O presidente da República está rasgando o programa do PSDB ao fazer a opção pela direita e querer um partido dócil e conservador, conivente com a elite conservadora", declarou.
Para o líder do PDT na Câmara, Miro Teixeira (RJ), os comentários sobre a ``burrice" da esquerda não foram dirigidos a todos os partidos: ``Como o presidente se referia ao PSDB, deve ter razão".
``Burro é quem abandona todas as idéias da esquerda e cai nos braços da direita", reagiu o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).
``O presidente não deveria citar como exemplo de inteligência a direita que sempre governou o país e o levou ao descalabro", afirmou o deputado José Genoino (PT-SP).
``O presidente acha que a sociedade é cega. Na negociação das reformas ele foi eleito o rei do é dando que se recebe", disse o líder do PT, Jaques Wagner (BA).

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