São Paulo, quarta-feira, 5 de julho de 1995 |
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O sofisma do ``controller"
LUÍS NASSIF Confiram-se poderes absolutos ao ``controller" de uma empresa que fabrica, digamos, televisores. Por economia, ele irá demitir o chefe da produção, o diretor de vendas e o financeiro. Cumprirá sua função, mas quebrará a empresa. Porque a razão da existência de uma fábrica de televisores é fabricar e vender televisores.O mesmo ocorre nesta briga maluca entre a área econômica e o ministro da Saúde, Adib Jatene. Os ``controllers" do governo sustentam que o financiamento à Saúde estourará seus controles. Papel de governo -ainda mais neste modelo de privatização das atividades de mercado- é suprir os cidadãos de suas necessidades básicas. Portanto, o problema fundamental é como obter recursos para que o Estado cumpra sua função condignamente. Querer varrer o problema para debaixo do tapete, a fim de que não estrague suas contas, é recorrer ao sofisma do ``controller". De seu lado, para conferir legitimidade à sua epopéia política, o ministro Adib Jatene precisa apresentar à opinião pública elementos consistentes de que não se criará na saúde o saco sem fundo que marcou outras vinculações -como o dinheiro para as universidades federais. Precisa definir modelo que incentive não apenas o controle das verbas, mas seja centrado em contrapartidas de recursos das áreas estaduais e municipais, a fim de estabelecer limites naturais à expansão dos gastos na área. Além disso, se vai ser criado um novo imposto para a saúde, tem que se descontar do total o montante que hoje já é destinado ao setor. Senão, imediatamente, o governo irá embolsar e transformar em novas despesas as verbas que hoje são carreadas para a saúde. Fazendo média Seria conveniente que os (as) colegas que dominam o ofício econômico parassem de recorrer às taxas médias de crescimento para tentar provar que na ponta -isto é, aqui e agora- vive-se no melhor dos mundos. Em amadores admitem-se escorregões. Em especialistas, não. Sugere-se que consultem seus gurus para que entendam melhor os efeitos do fator velocidade de queda nos processos de desaquecimento da economia. E a importância das tendências sobre os indicadores estáticos. Senão, ainda vão acabar provando que uma pessoa caiu do vigésimo andar e morreu em perfeito estado de saúde, porque na média do tombo ficou no décimo andar. Galinhagem O último índice de prosperidade descoberto pelo jornalismo chapa-branca é o consumo de galinhas nas praias de Recife. O governo tem proporcionado avanço nas reformas e, com todos seus erros, o Real até pode curar o país da inflação. Mas vai deixar a imprensa imersa no maior índice de ridículo da história. Fonte Por pressa de fechamento, não se mencionou na nota de ontem, sobre as negociações do Brasil com o FMI (para se obter um crédito em aberto), a fonte ``relatório reservado". Texto Anterior: Bolívia privatiza 78 empresas Próximo Texto: Importação de têxteis vai pagar 70% de imposto Índice |
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