São Paulo, quarta-feira, 5 de julho de 1995
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Jogo em CD combina batalha naval e ideologia

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Mais do que um jogo sobre a moderna guerra naval, o CD-ROM ``USS Ticonderoga - Life and Death on the High Seas" é um pacote ideológico.
Quem se dispõe a jogar essa simulação de combate naval -``vida e morte no alto-mar", como diz o subtítulo- também tem de engolir altas doses de intervencionismo americano explícito.
O comandante do moderno cruzador antiaéreo ``Bunker Hill", da classe ``Ticonderoga", tem de lutar contra a renovada ambição dos russos, governados agora pelo ultranacionalista Vladimir Jirinovski (citado nominalmente no manual de instrução).
Os outros dois inimigos são os norte-coreanos, que desenvolveram armas nucleares, e -agora que o Iraque foi detonado pela Guerra do Golfo em 1991- os iranianos, que voltam a ser ameaça e tentam atrapalhar o fluxo de petróleo para o Ocidente.
Não é um jogo de ação do tipo ``sentou e jogou". É preciso ter paciência para estudar um manual complexo (em inglês) e decorar -ou ter sempre em mãos- a longa lista de comandos, que incluem as teclas de função F1 a F10, além das teclas com os algarismos de 1 a 7 e mais algumas combinações.
Os cruzadores da classe ``Ticonderoga" são considerados os mais modernos navios de guerra de superfície do mundo.
No jogo, o capitão tem à disposição um bom arsenal para enfrentar as batalhas, como no navio real -mísseis antiaéreos, antinavio, de ataque terrestre, canhões de dois calibres e helicópteros.
Com o enorme espaço de informações que o CD-ROM permite, o jogo pôde incluir, além de animações bem feitas dos combates, momentos de diálogo tipo RPG (``role playing game", jogo no qual o jogador assume a identidade de um personagem).
O capitão pode tomar medidas que causem a morte de civis. Por exemplo, na missão mais simples, ao bombardear plataformas de petróleo iranianas, ele pode escolher se avisa os civis que vai atacar ou se já começa atirando.
Se ele impede as baixas civis (tratadas pelo jargão militar no jogo como ``danos colaterais"), ganha pontos extras. Se não, recebe uma bronca do almirante, pois massacrou ``60 civis e a imprensa está furiosa".
Outros diálogos impagáveis são com um terrorista iraniano, que faz reféns em um petroleiro e ameaça matar os ``cachorrinhos do imperialismo", e com um capitão russo, que quer desertar ao Ocidente -todos com um forte sotaque em inglês, naturalmente.
``Ticonderoga" (R$ 75,00) exige pelo menos um PC 486DX, 8 Mbytes de memória RAM e leitor de CD-ROM de dupla velocidade (o de velocidade simples serve, mas o jogo fica mais lento). A instalação ocupa mais de 13 Mbytes.

ONDE ENCONTRAR
MSD: tel. (021) 533-3200 e (011) 820-5160

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