São Paulo, quinta-feira, 6 de julho de 1995
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FHC pode deixar Argentina fora de cotas

ANTONIO CARLOS SEIDL
ENVIADO ESPECIAL A CARACAS

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem em Caracas que é ``possível" que o país deixe a Argentina de fora das cotas para importações de veículos.
O ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, que integra a delegação brasileira, informou que a decisão sairá de seu encontro com o chanceler argentino, Guido di Tella, nos dias 10 e 11 deste mês, em Brasília.
O presidente FHC e Lampreia estarão em Buenos Aires na sexta-feira para participar da solenidade de posse do segundo mandato do presidente Carlos Menem.
Ontem, no último dia de sua visita oficial à Venezuela, FHC admitiu excluir a Argentina das restrições às importações de veículos.
``Verificamos que o peso das importações de veículos argentinos é muito pequeno na nossa balança comercial", afirmou.
As importações brasileiras de veículos alcançaram US$ 1,8 bilhão até maio deste ano. Desse total, apenas 3,4% (US$ 63,3 milhões) são da Argentina.
FHC disse que não ter conhecimento dos detalhes das negociações ocorridas durante a reunião de Denver (EUA) sobre comércio nas Américas. O presidente afirmou, porém, que o acordo será ``bom" para o Brasil se excluir a Argentina das cotas.
O Brasil decidiu adotar o sistema de cotas de importação para veículos no início do mês passado.

Empresários
Em seu discurso durante almoço oferecido pela Câmara de Comércio e Indústria Venezuelano-Brasileira, FHC disse que o Brasil não vai fechar a economia. Ele reafirmou que as cotas de importação de veículos é um ``caso específico" para corrigir a balança comercial.
O último dia de FHC em Caracas teve uma agenda cheia. Ele participou das comemorações do 184º aniversário da Independência da Venezuela e inaugurou a exposição ``Arte Sacra Brasileira", no museu Sofia Ímber.
Pela primeira vez, presidente de um país estrangeiro, FHC, participou da festa como convidado de honra.

Balanço
Ao fazer ontem um balanço de sua visita oficial de dois dias à Venezuela, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse, antes de embarcar, às 19h15, hora local (20h15 em Brasília) no aeroporto de Caracas com destino a Brasília, que a visita abriu perspectivas econômicas e políticas ``muito boas".
Ele destacou o acordo de cooperação entre a Petrobrás e a Petróleos de Venezuela, que permitirá a criação de uma nova empresa, ainda este ano, a ``Petroamérica".
FHC disse que a associação será ``muito proveitosa", pois permitirá que a Petrobrás e a Pdvsa se ``aventurem pelo mundo"buscando negócios em terceiros países.
Ele destacou também o projeto para a conclusão da rodovia que liga Manaus a Caracas.
A Ata de Miraflores, um dos dois documentos assinados por FHC e o presidente venezuelano Rafael Caldera, prevê a instituição de um grupo binacional de alto nível para cuidar de um acordo entre a Companhia Vale do Rio Doce e a a siderúrgica Cooperação Venezuela da Guayana para a exploração de manganês.
O desembarque do presidente em Brasília estava previsto para a 0h30 de hoje.

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