São Paulo, quinta-feira, 6 de julho de 1995 |
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Comércio fraco provoca demissões
MÁRCIA DE CHIARA
As demissões no comércio de São Paulo cresceram 60% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 94, embora o setor empregue mais funcionários que antes do Real. Só nos dois primeiros dias de julho, 478 comerciários perderam o emprego, segundo o sindicato. Isso representa mais do que 10% do total de 4.429 demissões ocorridas no mês passado. Rubens Romano, presidente do sindicato dos comerciários, diz que, no início de julho, as demissões se concentram nos supermercados e nos grandes magazines. ``O Sé dispensou 20 funcionários e o Barateiro mais 13 neste início de mês", diz Romano. Procurada pela Folha, a diretoria do Sé não foi localizada. Segundo a diretoria de recursos humanos da rede Barateiro, esse número de demissões está dentro da rotatividade normal. O presidente do sindicato dos empregados discorda. Para compensar o desaquecimento nas vendas a partir de maio, diz ele, os empresários estão reduzindo o número de lojas e demitindo. A tendência é piorar, prevê. Rotatividade Devido ao crescimento do consumo a partir do Real, o comércio ainda emprega mais pessoas do que no primeiro semestre de 94. Pesquisa da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP) revela que o nível de emprego no setor, de janeiro a junho, é 1% maior que no mesmo período de 94. Estimativas preliminares mostram que, em junho passado, o número de pessoas ocupadas cresceu 0,14% sobre maio. ``Esses dados devem ser interpretados de forma otimista", diz Antonio Carlos Borges, superintendente-técnico da FCESP. Ele admite, porém, que o comércio passa agora por uma fase de ajuste por causa do desaquecimento nas vendas. ``Mas ainda não começou um período de grandes dispensas", diz Borges. Em sua avaliação, os empresários do setor estariam substituindo os empregados que ganham mais por outros com menor salário. ``Está ocorrendo um ajuste no valor da folha de pagamento, não necessariamente no número de pessoas empregadas", explica. O piso do comerciário por oito horas de trabalho é de R$ 238, diz o sindicato dos trabalhadores. Rezkalla Tuma, presidente da União dos Lojistas da Rua 25 de Março, confirma que os atacadistas de tecidos começam a demitir. ``Com a queda de 30% nos negócios a partir de março, estamos dispensando funcionários e reduzindo turnos de trabalho." A ministra Dorothéa Werneck (Indústria, Comércio e Turismo) discorda que a política econômica esteja provocando recessão. ``É uma redução nas taxas de crescimento da economia", disse ontem em Brasília. Para ela, um crescimento acelerado coloca em risco o plano de estabilização. Colaborou a Sucursal de Brasília Texto Anterior: Zona Franca pode parar em outubro; 3ª Feira de Esportes negocia US$ 400 mi; CEF deve definir reajuste em agosto Próximo Texto: Lojas paulistas vendem 5% menos em junho Índice |
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