São Paulo, quinta-feira, 6 de julho de 1995
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Málaga oscila entre tradição e desejo de modernidade

MARCELO REZENDE
DO ENVIADO ESPECIAL À ANDALUZIA

``Aqui nasceu Pablo Picasso". Esse é o aviso que o viajante recebe quando desembarca em Málaga.
Um aviso presente não apenas na placa fixada na casa do artista, em um prédio de número 15, na praça de La Merced, em seu centro velho.
Mas, antes, nas cores e na luz da cidade, que tomam toda a região, das montanhas até as praias e o porto, sempre banhado por um sol que, durante o verão, se põe por volta das dez horas da noite.
Málaga é a cidade de Picasso, de onde herdou sua vocação, esse que foi um dos maiores gênios daquilo que se acostumou a chamar, neste século, de artes plásticas.
Mas há mais em sua memória de milênios. Fundada há mais de 2.000 anos, seu auge está ligado aos árabes, que dominaram a região e a transformaram, no século 11, em um entreposto mercantil.
A memória islâmica se encontra em sua ``Alcazaba", uma fortaleza construída pelos califas da cidade de Granada quando anexaram Málaga aos seus domínios.
Muros de pedra muçulmana convivem com o catolicismo extremado, representado por sua catedral do século 16.
Mas há também uma parte da cidade que lembra o visitante de que o passado, aos poucos, dá lugar ao desejo de Málaga de se tornar uma cidade avançada, uma Barcelona de pequenas vias.
Uma parte onde existe uma espécie de refinamento do estilo, onde lojas vendem as últimas criações dos estilistas italianos, como Moschinno e Armani.
Ao mesmo tempo, nas pequenas lojas, todo o passado cultural da Espanha é propagandeado em letreiros, como na sapataria Calderón de La Barca ou na sorveteria Miguel de Cervantes.
Um desejo de modernidade que resulta, também, nos viciados em heroína que se reúnem nas muitas praças de Málaga, na madrugada, tentando disfarçar a ansiedade. Enfim, seu grau maior de cosmopolitismo.

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