São Paulo, sexta-feira, 7 de julho de 1995
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Bancários preparam nova forma de greve

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os líderes bancários preparam nova forma de greve caso não consigam, na campanha salarial que começa hoje, acordo com os bancos privados ou com o governo.
``Não nos interessa deixar de pagar a aposentadoria do velhinho. A greve deve ter como objetivo central e subproduto trazer prejuízo só a quem tem o poder de decidir a negociação", afirmou o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ricardo Berzoini.
Depois da última greve dos petroleiros, a cúpula do PT e da CUT procura formas `criativas' de paralisação. O objetivo é evitar o desgaste dos grevistas junto à população que, no entender dessa cúpula, aconteceu no movimento de 30 dias dos petroleiros.
A idéia do novo tipo de greve é, segundo Berzoini, ``atingir os pontos que podem estrangular o lucro do sistema financeiro".
No setor privado, isso significa parar prioritariamente os centros de processamento de dados e as mesas de operação que negociam títulos e câmbio, por exemplo.
Nos bancos estatais, a nova forma de greve, ainda em estudo, vai procurar atingir prioritariamente os setores que fazem repasse de recursos. O administrador do banco estatal é, na visão de Berzoini, mais vinculado aos interesses políticos do governo do que aos da organização que administra.
Com data-base em setembro, os bancários fazem seminário hoje e amanhã, quando vão definir pauta de reivindicações e estratégia da campanha. São 600 mil trabalhadores em todo o país, a primeira grande categoria a testar a medida provisória da desindexação.
Berzoini considera que a MP não muda o quadro de negociação. ``Os banqueiros costumam dizer, sobre a participação nos lucros, que não negociam isso porquê a medida que trata do assunto é provisória. Eu digo o mesmo: não vou considerar a MP da desindexação pois ela é provisória."

Petroleiros
Também os petroleiros estão adotando novos tipos de greve para tentar mostrar que ``a categoria tem um respeito muito grande com a sociedade", segundo Antônio Carlos Spis, coordenador da Federação Única dos Petroleiros.
Na Replan (Refinaria de Paulínia), em Campinas, São Paulo, serão feitas paralisações de um dia por semana e um turno por dia. No dia da greve, os grevistas irão doar sangue. ``É um protesto criativo contra a Petrobrás, que não quer negociar", afirmou Spis.

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