São Paulo, sexta-feira, 7 de julho de 1995
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Projeto tenta evitar nova cobrança de IPTU

CLAUDIO AUGUSTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O vereador Arselino Tatto (PT) vai entrar com um projeto de lei na Câmara Municipal que autoriza o Executivo a anistiar os proprietários de imóveis do pagamento adicional do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) de 92.
Uma decisão provisória do TJ (Tribunal de Justiça), em fevereiro daquele ano, obrigou a prefeitura a cobrar o imposto com base na alíquota mínima, que era de 0,2%.
No mês passado, o tribunal reviu a sua posição e decretou a constitucionalidade das alíquotas progressivas.
Agora, a prefeitura está autorizada a cobrar a diferença do imposto pago e o que deveria ser pago efetivamente com base nas alíquotas progressivas, que variavam de 0,2% a 5%.
Pelo princípio da progressividade, quanto maior o valor do imóvel, maior é a alíquota de incidência do imposto. Paga mais quem tem imóveis mais caros.
Se o prefeito Paulo Maluf (PPR) cobrar o imposto predial do exercício de 92, a cidade terá uma receita adicional de R$ 400 milhões.
Esse dinheiro é suficiente para construir 28 mil apartamentos de 42 m2. É essa a área dos apartamentos do Projeto Cingapura.
Maluf já havia decidido cobrar o IPTU de 92, que ele classificou de extorsivo em artigo publicado na Folha pouco antes de assumir a prefeitura. Se as críticas contra a decisão se intensificarem, ele pode rever sua posição.
A única forma de não cobrar o IPTU de 92 é anistiar os contribuintes por meio de um projeto de lei aprovado pela Câmara.
O parlamentar do PT quer, com o seu projeto, pressionar o prefeito a desistir da cobrança. ``Se ele investisse R$ 400 milhões na área social, tudo bem, mas ele vai investir em obras."
Em 92, Tatto e os demais vereadores do PT defenderam a progressividade e a ``justiça da cobrança do IPTU".

Prefeitura
O secretário municipal das Finanças, Celso Pitta, disse que Arselino Tatto não pode apresentar o projeto de anistia. ``Todo projeto que envolva matéria tributária tem de ser de iniciativa do Executivo", disse Pitta. ``É o que estabelecem a Lei Orgânica do Município e a Constituição Federal."
A Lei Orgânica é uma espécie de Constituição da cidade.
Pitta afirmou que a prefeitura está aguardando a publicação do acórdão (sentença) do TJ para definir se cobra o IPTU de 92.

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