São Paulo, sábado, 8 de julho de 1995 |
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Ameaças e ironia
NELSON DE SÁ
O presidente agora sai dizendo que a oposição é burra, que a oposição é um tropeço para o Brasil. Ontem na CBN, na mesma linha, ameaçou os empresários que querem dar aumentos de salário, mas com repasse aos preços: - Não vão, não. Se repassarem aos preços, (a gente corta) o crédito. A inflexão de Fernando Henrique foi de animosidade, até de ironia, próprio de um poder que se vê inabalável. Não foi outra a inflexão de Pedro Malan, ao falar das previsões de aumento da inflação: - Nós deveríamos ficar menos sobressaltados, ansiosos, principalmente, não de maneira simplória: porque o índice de um mês acusou um crescimento, simplesmente projetar aquele crescimento e considerar, mais uma vez, que ``o Real fracassou". É preciso baixar a bola e tentar entender o que é que está por trás dos índices, em vez de entrar num processo de ``sobressalto coletivo". As passagens entre aspas foram expressas em tom de sarcasmo, muito diferente do acanhamento do início do ano, em frente às mesmas câmeras de televisão. Diferente, mas não melhor, necessariamente. Parecer Pedro Malan uniu-se a Adib Jatene e isolou o inimigo comum, José Serra. Segundo a Cultura, ``o ministro da Fazenda cedeu às argumentações do ministro da Saúde e aceitou a volta do IPMF". Acontece que ``falta o parecer do ministro do Planejamento". Mas ``o ministro da Saúde está tão confiante que quer empréstimos externos por conta do futuro imposto". José Serra, ``infritável" também ele, finge-se de morto. Quando muito, na Globo, diz que é preciso procurar saídas que não tenham impacto sobre a maioria da população. Não cede fácil. Só os salários José Sarney, segundo a Globo, acha que a medida provisória da desindexação passou a imagem de que se destina só aos salários porque foi mal escrita. Imagem, nada. Ela não tem outro destino. Texto Anterior: Veto de FHC beneficia transportadoras Próximo Texto: Piva tenta convencer Jatene a ficar com taxa sobre o fumo em vez do IPMF Índice |
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