São Paulo, sábado, 8 de julho de 1995
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Jáder é o favorito para presidir PMDB

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A dois meses da eleição que vai escolher o novo presidente do PMDB, o senador Jáder Barbalho (PA) desponta como favorito.
Seu nome, porém, encontra resistências entre parlamentares e mostra que a disputa pode agravar ainda mais a falta de unidade no partido.
Além de Jáder, dois outros candidatos já se lançaram oficialmente -os deputados Moreira Franco (RJ) e Paes de Andrade (CE).
Mas há parlamentares que não estão contentes com nenhum dos três nomes e já procuram uma ``quarta via".
``Estou convencendo o senador Íris Rezende (GO) a se lançar, pois ele aglutina e tem um estilo mais `soft' do que o Jáder", afirma, por exemplo, o deputado João Almeida (BA).
Nessa ``quarta via" aparecem também os nomes de três deputados paulistas: Michel Temer, atual líder do partido na Câmara, Aloyzio Nunes Ferreira, ex-vice governador do Estado, e Alberto Goldman. Todos negam suas respectivas candidaturas.
Com tantos candidatos e pré-candidatos, sobram farpas para todos os lados.
``Paes de Andrade não aglutina, é uma figura démodé", afirma o deputado Geddel Vieira Lima (BA), que ainda não decidiu quem apóia. ``Moreira Franco formula bem, mas não tem imagem de comandante", diz João Almeida.
``Jáder é forte, tem um discurso agressivo, mas cria arestas com o Palácio do Planalto", completa.
``Paes de Andrade não consegue unir nem três deputados em torno de seu nome, e o Moreira é muito fraco", dispara o senador Gilberto Miranda (AM), que apóia Jáder.
``Sei que Miranda é cabo eleitoral de Jáder, mas não consegui perceber ainda se ele joga a favor ou contra o senador", rebate Goldman.
Jáder é o único candidato até agora que ``profissionalizou" a campanha.
A eleição acontecerá em 10 de setembro e, com o auxílio de Miranda, que está bancando a eleição, aproveitou o recesso parlamentar para espalhar cabos eleitorais pelo país.
``Já estamos no Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste", disse Miranda.
O Sul foi deixado para uma segunda etapa por uma questão de estratégia -a bancada gaúcha do PMDB não apóia Jáder e o senador quer contatá-los somente após ter obtido o apoio das outras regiões.
Jáder tem ainda a simpatia de duas lideranças do partido -Orestes Quércia, ex-governador de São Paulo, e José Sarney, ex-presidente da República (1985-1990) e atual presidente do Congresso.
Nenhum dos dois, porém, tem uma posição fechada. Quércia está na Inglaterra e, segundo seus aliados, prefere não interferir diretamente na disputa à presidência do partido, pois sua maior preocupação no momento é firmar seu espaço político em São Paulo.
Já Sarney prefere esperar até agosto, quando serão homologadas as chapas que concorrerão à eleição.
O presidente do Congresso não esconde que está de olho na disputa à Presidência da República em 1998 e que seu apoio agora a um candidato peemedebista será baseado nesse anseio.
Se eleito presidente do PMDB, Jáder, hoje uma liderança regional, poderia se tornar uma figura nacional.
Nesse caso, teria dois caminhos: auxiliar Sarney na eleição à Presidência ou percorrer o caminho oposto -postular o mesmo cargo que o atual presidente do Congresso almeja.

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